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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dançando ao vivo

Quem já foi em algum show de Dança do Ventre com música ao vivo já reparou que quem faz as músicas são justamente aqueles caras atrás no palco? Pois é, tem bailarina que, quando dança ao vivo, parece que não enxerga isso. Uma banda ao vivo custa muito caro para serem utilizados como enfeites, em substituição ao CD.

Para quem nunca dançou ao vivo, pense nisso. Deixe seu repertório de mil sequências e mil arabesques um pouco de lado, dance "mais simples" e interaja não só com o cantor, mas com os músicos ali presentes (mesmo que a música seja apenas instrumental). Ah sim, e o público faz parte de um show ao vivo, não se esqueça dele.

Deixo aqui alguns vídeos como exemplo de como fica mais bonito de ver quando a bailarina faz esse tipo de interação. A Hadara Nur (SP) já tem intimidade com o Tony, por trabalharem juntos há muito tempo, o que facilita bastante para que você fique à vontade:


As bailarinas que dançam lá nos Emirados Árabes dançam, basicamente, só ao vivo. Os músicos do lugar e a bailarina ensaiam durante o dia, passam a conhecer um ao outro (o que facilita também)... Aqui, temos a Jacqueline Braga (SP) dançando em Dubai e ela mostra que sabe fazer isso bem:


Sobre isso de afinidade com os músicos; quem dera todas termos músicos próprios, como as grandes bailarinas egípcias que estudamos têm ou tiveram... Aqui, um exemplo do nosso orgulho, Soraia Zaied:


Quando falo de respeito a quem está no palco, o video abaixo mostra isso. Nadja El Balady (RJ) sai do chão e sobe ao palco para ficar perto dos músicos do Laieli al Sharq:


Eu já tinha dançado algumas vezes com o Tony, mas essa foi a que mais gostei:


- Mas quem não interage com o músico tá errada?
Não disse isso! Só estou dando minha opinião de que sim, para mim, fica mais bonito. Todas nós podemos e devemos ter nosso "momento estrela" na música, nenhum problema...

- Mas eu só danço coreografada, como faço?
Se você der a sorte da música ser tocada de forma bem parecida que o CD, beleza! Geralmente quem só dança coreografada, costuma estudar bastante e criar sequências. Logo, tem movimentos que saem automatizados, so... no problem!

- Mas os músicos estão tocando muito estranho, não consigo acompanhar!
Pode ser que você esteja dançando com músicos ruins, só isso.

E quem não tem a oportunidade de dançar sempre ao vivo? Ou quem nunca dançou com aquele cara  específico lá do palco? Bom, é importante que você tenha um treinamento já avançado em improviso, mesmo que você saiba qual será a música a ser tocada e estudá-la bastante! Estar alerta ao que está acontecendo no palco também faz parte, pois sempre existe uma chance grande de surpresas acontecerem, como um intervalo maior, uma aceleração, uma pausa, uma interação direta com o cantor/músico... Uma outra dica é, com internet, é mais fácil procurar saber como o músico em questão toca para as bailarinas. Aqui, deixo o vídeo da Natalia Trigo (RJ) dançando com banda ao vivo no Egito, com quem não nunca havia dançado:


Dançar com música ao vivo é bom demais! Só quem já experimentou e sentiu essa emoção, sabe o quanto é bom. Portanto, tendo a oportunidade de dançar ao vivo, não a deixe passar!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dança com taças

Post revisto e reescrito em 30/09/2018

Taças é considerado por algumas bailarinas como dança folclórica. Por quê? Porque sua origem (talvez estadunindense) é inspirada no candelabro, que nada mais é que um acessório utilizado por bailarinas em casamentos egípcios, uma tradição muito comum até hoje, de origem ghawazee.

Você também concorda com isso? Eu, particularmente, não consigo considerar as taças um folclore. Já a dança com o candelabro, que faz parte da zaffa, inicialmente, conduzida por ghawazee, é uma expressão mais tradicional. Logo, eu entendo as taças como um elemento moderno que, aliás, combinam bem com restaurantes e festas particulares, por ser um acessório que dá um ar de mistério, como leigos costumam apreciar.

Bom, resolvi escrever esse post mais para compartilhar uma pequena angústia: por que as pessoas não conseguem fazer uma coreografia de taças sem ser monótona?

..."É um ótimo acessório para iniciantes". Concordo.
..."Fica legal com música lenta"...
...mas, por que sempre a música da Loreena, "MARCOPOLO"???...

Vi raras apresentações legais com taças, como essa aqui:


Como as taças limitam bastante os movimentos com as mãos, uma ideia é explorar deslocamentos, braços, cambrês, pliês, ondulações e equilíbrio. Elas mostraram que é possível variar, mesmo com as mãos aparentemente "atadas".

O vídeo abaixo foi minha tentativa de fazer uma coreografia com taças mais dinâmica e com alunas do intermediário. Usamos velas de mentira (à bateria, são baratas, coloridas, fica bem bonito o efeito - que não dá para ver no vídeo porque não diminuíram as luzes) porque os teatros costumam proibir fogo em palco. Espero que gostem:


Se tiverem vídeos, mostrando trabalhos diferenciados, coloquem nos comentários!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Indicação de blogs

Não sou assim muito blogueira, mas adoro ter esse meu espaço e sempre procuro criar algum texto, baseado em pesquisa em outros sites ou pesquisas pessoais para facilitar a difusão de um assunto que não é nem um pouco normatizado. Eu consulto pra caramba alguns blogs de confiança quando quero estudar certo tópico ou me certificar de uma ou outra coisa.

Já passei por alguns (que cheguei a entrar, mas acabei saindo ou nunca entrei) mas tem uns que são meros diários ou confusos ou egocêntrico demais ou sem um "estilo", digamos assim... Defino estilo aqui como uma maneira de montar seu blog, a qualidade de textos, o que você quer com ele... Como a Lory Moreira (BA) disse outro dia no twitter, tem gente mais preocupada com o número de seguidoras.

Não tenho grandes pretensões com o meu:

- quero sim divulgar meu trabalho
- quero compartilhar o que sei
- desabafar de vez em quando com alguma situação de nossa vida de bailarina de DV
- trocar informações (mas aí dependo de vocês hehehehehehe)
- e não falo da minha vida pessoal (sim, tenho uma assim como outra profissão)

Aqui, deixo a indicação desses blogs que até hoje eu consultei, gostei e continuo olhando:


Enfim, boa pesquisa para todas!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 12 de dezembro de 2010

Leila fi Hátor

Propagandinha!

Dia 29 de janeiro de 2011, para começar o ano com gás, a Elaine Rollemberg e seu Espaço Hátor estará promovendo seu primeiro grande evento com o convidado Tufic Nabak e oficinas de aprimoramento. As informações estão todas no cartaz abaixo:


Boa oportunidade de limpar os movimentos na dança por um bom preço (sai menos de R$ 30,00 cada oficina se você fizer as quatro) e conhecer mais de perto o trabalho de profissionais da sua cidade, que eu valorizo à beça! Seguem os videos desses profissionais para quem não conhece:

Elaine Rollemberg:


Hanna Aisha:


Shaira Sayaad:


Jaqueline Campos:


Bauce kabira,
Hanna Aisha

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dança Hagalla

Aprendi Dança Hagalla recentemente num workshop com a bailarina argentina Yesica Carmona, aqui no Rio e pedi para ela me escrever um texto sobre isso. Fiz a tradução, que segue abaixo (os vídeos são por minha conta):

“Faz um tempo que estudo sobre a Dança Hagalla, sua origem e seu significado. No caminho, tive várias dúvidas referentes à dança e à música que devia utilizar e graças a elas, pude chegar a algumas conclusões.

Quando alguém se refere à Hagalla, não está somente se referindo à dança, porém também à música, à bailarina, a um movimento e a todo um contexto social. Hagalla vem do árabe “hagl” que significa “saltar”. É uma dança de celebração que acontece em diferentes ocasiões cotidianas nas colônias de beduínos de Marsa Matruh, que está localizado no noroeste do Egito e nos arredores da Líbia. Também está relacionada com as danças Kaf (aplausos). Comumente se utiliza a dança em casamentos, noivados ou colheitas nessas áreas. A bailarina ou “hagaleira” é a figura principal. Ela dança mostrando toda sua graça, riqueza e beleza para uma fila ou um semi-círculo de homens e familiares que participam da festa, acompanhando a bailarina com cantos e aplausos.

Excelente coreografia representando a Dança Hagalla, por Aris Medrei (DF):


Costuma estar coberta ou semi-coberta e, às vezes, utiliza um lenço ou vara para dançar. Pode ser uma familiar da noiva, já que é usual que outras mulheres da família tornem-se o centro dela ou pode ser uma bailarina profissional. Nesse caso, ela dança ao redor do homem eleito, tirando suas joias e braceletes em troca de novos braceletes dados por ele.

Não é uma dança em que a mulher tem como ambição se casar, até porque isto não acontece na vida atual pois os noivados já estão arranjados desde cedo, porém é uma representação. Na Líbia, por exemplo, essa dança representa uma celebração ao início da vida adulta de uma jovem que dança cobrindo seu rosto com um chador. Trata-se de um ritual social e regional, um folclore, como tantos outros, que não nos pertence, a não ser que tenhamos viajado ou vivenciado alguma experiência mais próxima. Por isso, é difícil falar de alguma música ou dança específica, mas é possível compreender sua essência, sua simplicidade dos movimentos e suas características para diferenciá-la de outro tipo folclórico.

A maioria das representações da Dança Hagalla são baseadas ou inspiradas na versão teatral da Troupe Reda, dirigida pelo mestre egípcio Mahmoud Reda. Em um artigo muito interesante escrito pela sua esposa e famosa bailarina Farida Fahmy, em um estudo de campo dos estilos folclóricos do Egito, ela conta que em 1965 teve a sorte de acompanhar seu esposo à província de Marsa Matruh e ter sido testemunha de uma evento de dança regional. Segundo Farida, este evento inspirou Mahmoud Reda em realizar e encenar a Haggala em 1966, utilizando um movimento tradicional de quadril, que ela aprendeu copiando e logo foi incorporado ao vocabulário da companhia Reda como Hagalla; este movimento de quadril pode ser combinado e seguido com os demais passos básicos da dança egípcia. O próprio Reda reconhece que sua versão está um pouco longe da versão tradicional e que ele introduziu em sua representação movimentos originais misturados com outros.

Hagalla por Mahmoud Reda:


Algo semelhante acontece com o vestuário; um vestido típico de mangas grandes, que pode ser usado com um grande “cachecol” ao redor dos quadris ou com uma “sobre-saia” ao estilo libanês. A faixa com grandes canutilhos e franjas é uma moda mais atual.

Mais uma linda coreografia:


Com respeito à música, geralmente se usa o ritmo laff ou malfuf, por sua estrutura de dois tempos com um corte, que se assemelha ao ritmo 2/4 utilizado nas músicas e celebrações regionais".

Aqui, minhas alunas da Cia Zahra Sharq, dançando Hagalla:


Artículo escrito por Yesica Carmona
Tradução livre do espanhol por Hanna Aisha

Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 7 de novembro de 2010

Quem é que está trazendo mesmo?

Essa semana, em uma noite de quinta-feira maravilhosa, em frente à praia de Copacabana, fumando narguile no restaurante em que minha querida amiga Elaine Rolllemberg dança, estávamos nós falando, obviamente de dança, enquanto ela esperava para entrar. Dentre fofocas, revelações, opiniões, troca de ideias, etc, etc, etc surgiu o assunto organização de eventos e workshops.

Eu, como uma iniciante na organização de eventos de Dança do Ventre, falei sobre minha experiência e novas ideias para melhorar, sempre. E nos questionamos sobre as escolas vazias, o quanto está difícil manter as alunas (pensando numa cidade como o Rio de Janeiro e as inúmeras opções de qualidade e preço) por conta de dinheiro... e o desinteresse pelos workshops.

Será que o desinteresse pelos workshops têm realmente a ver...

... só com dinheiro? Talvez, alguns são bem caros.
... com a fama das ministrantes? Talvez, algumas "desconhecidas" (nem por isso, ruins) não atraem a atenção das alunas quando comparadas com as "famosas"
... com a oferta de temas repetitivos? Hum, eu diria que talvez também. Mas esse é meio controverso porque workshop bom mesmo é aquele que ensina rotina oriental clássica, não é mesmo?
... com a localização? Muitas vezes, sim.

Ou será que tem a ver com quem está trazendo a ministrante do workshop?

Situação hipotética:

- "A Souhair Zaki vem pro Rio! Não é máximo?"
- "Jura? Nossa, não acredito! Maravilha!"
- "Não perco por nada. Ela vai ensinar Taqsim".
- "Show. Quem é que está trazendo ela?"
- "Fulana de tal".
- "Ah, sei..."

Galera, eu repito: a internet tá aí para todos. Quer conhecer o trabalho de alguém que está indo pra sua cidade ministrar algum workshop e você nunca ouviu falar? Procura saber!
Aliás, também existe gente boa na sua própria cidade, que não só sua professora. Procura saber também! Tem tanta gente maravilhosa, com muito mais a oferecer que apenas arabesques ou "as últimas sequências coreográficas do Egito"...

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Naima Akef: para estudar

Texto revisto e reescrito em 30/12/12.

Debulês, giros simples, arabesques, giros "borboleta", oitos, cambrês, trabalho de braços, expressão e grande utilização de espaços com marcações simples, porém bonitas de quadril. Esta é a bailarina egípcia Naima Akef.

Criada dentro do circo, foi uma das bailarinas do Casino Opera, tinha boa musicalidade e participou de inúmeros filmes também como atriz. Ela morreu de câncer mas ninguém sabe direito com que idade (com 37 ou 64 anos?). O ballet influenciou muito sua dança; não é à toa que vemos uma leveza e uma postura sempre presentes, além de vários movimentos típicos. Não era uma bailarina de representar folclores, porém os snujs eram bem comuns em suas performances:


Aqui, Naima em uma performance "balética":


Com o clássico "Aziza":


Aqui, alguns blogs que exploraram sua biografia e/ou vídeos:


Aqui, a bailarina Dunia, faz a leitura dela com muitos detalhes...

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Estilo Libanês de Dança do Ventre

Post revisto e reescrito em 16/04/16.

Aqui no Brasil, o estilo libanês de Dança do Ventre ainda é bem pouco conhecido e muito menos praticado. À primeira vista, eles são bem parecidos, mas existem certas características que o diferencia do estilo egípcio, que é o mais comum entre as bailarinas, além do estadunindense e argentino, que utilizam muito o jazz. As músicas com leitura libanesa costumam ser mais impactantes, com um Dabke, comumente em algum momento da música.

As bailarinas costumam ser muito mais interativas com o público, os movimentos de quadril são mais fortes e o sapato alto é, basicamente, obrigatório. Não sei por quê (alguém me explica?). Mas vejamos a eterna Samara:


A leitura musical é diferente e o espaço é mais utilizado também, com muitos giros, camelos, tranquinhos e twists. Nossa inconfundível Amani com seu famoso "oito de corpo todo":


As roupas são menos discretas e/ou mais ousadas. Aqui, temos a famosa Howaida El Hashem:


Mais contemporânea que as de cima, temos a Sahara:


Cambrês enormes e movimentos no chão também fazem parte. A famosa Dina Jamal:


Hoje, as bailarinas brasileiras que trabalham para o empresário Omar Naboulsi representam esse estilo lá fora e as que voltaram pro Brasil, têm procurado difundir esse estilo (como Esmeralda, Warda Maravilha, Fabiana Tolomelli).

Estilo libanês é alegria e entretenimento! É uma opção para quem não se identifica muito com a introspecção do estilo egípcio, tão bonito quanto. Ninguém é obrigado a gostar, mas que ele existe e tem crescido aqui, é inegável. Mesmo que você não tenha a formação ou experiência dançando esse estilo, você pode se inspirar nele e criar uma performance, usando uma música libanesa, claro (o ideal é você procurar uma professora que possa te guiar nisso antes). Aqui, escolhi uma música pop libanesa e me inspirei nesse estilo para fazer essa performance:


Olha que vídeo legal sobre o estilo:


Vai lá na Dunia e no Almanack para saber um pouco mais!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 18 de setembro de 2010

O que faz uma bailarina largar a Dança do Ventre?

Pensei nisso quando soube da notícia bombástica sobre o afastamento da Carlla Sillveira.

O que será que faz uma bailarina largar a Dança do Ventre? Certamente nunca cogitei na possibilidade da religião ser capaz disso, como foi o caso da Carlla (aliás, saiu na hora certa, né, no auge). Mas pensando aqui mais no nível do planeta Terra e das bailarinas mortais, por que alguém larga a Dança?

A Khan El Khalili já teve inúmeras que passaram e foram poucas que ficaram. A Luxor criou várias que ainda estão por aí, mas não sei se já cria talentos como na sua época de ouro.

Questões financeiras? Pode ser, já que a remuneração só é considerável quando se tem um trabalho fixo e muitas alunas, de preferência, uma escola só sua.

Fofocas e Intrigas? Apesar das pessoas reclamarem muito disso, all the time, acho que não, porque isso acontece em qualquer trabalho. Ah sim, a Dança do Ventre é trabalho muito sério, para muita gente. Não é só um hobby que desperta nossa Deusa Interior.

Não se enquadra nos padrões atuais? Hum... acho que não, há espaço para todos os gostos.

Enjoo? Nossa, a dança evolui a todo momento...

Casamento? Hum, essa é uma grande possibilidade: maridos que não curtem a modalidade. Ok, respeito totalmente. É mais fácil arrumar trabalho que alguém que a gente queira dividir a vida. Conheço exemplos.

Novos projetos artísticos? Beleza! Temos aí a Luana Mello e a Shaide Halim como exemplos.

O seu IBOPE baixou? É, esses ciclos são normais, mas não fatais.

Seu segundo ou terceiro trabalhos te consomem cada vez mais? Se você não vive de DV, então ela é sua segunda remuneração. Com certeza é um bom motivo, pois a maioria das alunas passa a fazer DV depois de estar, no mínimo, fazendo vestibular que não para a dança. Eu tô aqui, caso eu resolva largar... heheheeheh

Devem haver outros... mas nunca imaginei que a religião poderia fazer isso na vida de alguém que já tinha a vida praticamente pronta trabalhando com DV. Fiquei impressionada.

Às que já largaram; às que estão em dúvida, às que estão ainda na luta; às que estão começando; às que ainda virão: muitos shimmies, muito obrigada pela contribuição e muita sorte nessa nossa vida humana tão complexa! Que a gente aproveite bastante nossos encontros pelos eventos no Brasil; a gente nunca sabe qual será a próxima a largar a Dança do Ventre! As vantagens de se fazer DV renderia outro post...

Uma homenagem à Carlla; uma de suas últimas apresentações. Fica aí seu legado, desenvoltura e sua simpatia:


Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Escolhas na Dança

Ontem, voltando do evento da Dalilah Zhuk com minha aluna Vanessa (que aliás, ficou em 3° lugar no amador!), vim divagando sobre nossas escolhas dentro da Dança do Ventre. Que tipo de escolhas? Eu falo do tipo de escolha que remete a nosso estilo, nossas referências de estudo. Eu disse para ela que esse tipo de decisão você só ganha com a experiência. Enquanto você é aluna, você está continuamente recebendo muitas informações e o poder de escolha é mais difícil. Mas, a partir do momento em que a gente passa a conhecer melhor os bastidores, interage com outras profissionais e responde por si só, o olhar passa a ser outro.

Enquanto eu estava no júri da categoria profissional e vi tantas meninas com estilos diferentes de roupa, dança, expressão (que, com certeza, refletiram suas escolhas nessa caminhada), eu voltei a pensar sobre isso.

Por exemplo: tem gente que diz que tenho o estilo libanês de dançar e que meu folclore é muito bom e devia ser mais explorado. Daí, eu fico pensando se devo seguir os conselhos ou investir mais em outras coisas que eu gosto também, como o estilo egípcio e suas rotinas clássicas ou tarab. Isso eu confesso que ainda não decidi.

Mas, saí de lá com uma certeza: eu decidi por querer tocar o público não profissional.  Porque tem bailarina que dança para bailarina e não pras pessoas. Percebi isso nas meninas que concorreram: umas foram belamente técnicas e outras me fizeram ficar de olhos fixos nelas, de tão tocantes (não que sejam excludentes). O que é uma escolha!

No meu show, minha aluna de iniciante veio correndo dizer que tinha chorado durante minha performance. Ok, ela é minha aluna, pode ser parcial. Porém, ontem, recebi muitos elogios e os rostos das pessoas refletiam prazer em me ver. Nossa, que recompensa!

Isso me lembra uma performance da Nadja Al Balady que me marcou profundamente: ela dançou "Garganta" da Ana Carolina (tipo de performance que não gosto de ver) de uma maneira tão emocionada, tão entregue que ela me arrepiou e eu nunca mais esqueci.

Nossa caminhada é bem longa mesmo e esses níveis de maturidade você só vai ganhando com o tempo. Em um mundinho de fabricação de bailarinas padrão, um conselho de uma bebê: tenha calma que o tempo vai te indicar o que é melhor para você. Eu tô junto de vocês!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Malditas correntes de email!

Quem não recebeu a corrente sobre o dia 07 de agosto, em que seria um dia basicamente amaldiçoado de acordo com a Astrologia??? Pois é, não acreditei nisso, mas não é que quase não sai meu evento?

Mas nada é páreo para a energia positiva dos que me ajudaram não só a divulgar, mas a realizar a segunda edição do Zahra Sharq!

Obrigada a todas as bailarinas e plateia que disponibilizaram seu sábado à noite para uma LINDA e ENCANTADORA noite! Fiquei MUITO feliz com mais essa realização e de ter por perto pessoas que estudam e lutam por uma divulgação de qualidade da Dança do Ventre na cidade do Rio de Janeiro.

Agradecimentos especiais ao Fabricio Janssen, Roberto Eizemberg e Fabiana Tolomelli pela mão!


Agradecimentos carinhosos a todas as bailarinas convidadas que foram super elogiadas: Bianca Gama, Eliza Oliver, Elaine Rollemberg, Luciana Nogueira, Najla Al Hafsa, Haynna Al-mudarissa, Jaqueline Campos, Shaira Sayaad, Samra Sanches, Izabel Moratti, Zahra Li e Fabricio Dabke. Que lhes rendam muitos trabalhos e alunos!

 

Haverá a venda do DVD.

Bauce kabira ua shukram kabir,
Hanna Aisha

domingo, 25 de julho de 2010

Ansiedade e desânimo e tristeza e realização...

Nessa ansiedade louca devido ao meu evento que está chegando, eu percebo o quanto a gente se desgasta emocionalmente por conta dos nossos trabalhos, né? Mais especificamente, falo da dança, porque eu tenho duas profissões bem diferentes.

E para quê a gente faz isso (é um desabafo mesmo sobre esse meu momento, ok?)??? O retorno financeiro nem sempre existe (e não é falta de planejamento!); pouca gente da área comparece; as panelas continuam firmes. Ou o povo está sem dinheiro? Eu tenho dúvidas sobre isso...

Eu faço isso porque gosto mesmo; sempre tive tino para organização de eventos e pude colocar isso em prática algumas vezes, não só na dança. E não consigo pensar em fazer mal feito: é muito fácil destruir uma reputação, mesmo que ela seja neutra, rapidamente. Quantos eventos ruins vocês já foram? Eu aboli alguns, não dá para perder tempo.

Mas onde está esse povo que quer tanto passar na prova do Sindicato, mas é incapaz de manter-se atualizada com workshops, investir em roupas um pouco melhores, em um cartão de visitas legal ou em um site? Querem milagre mesmo! E não irão para frente! São realmente poucas as que se mantêm em voga ou na lembrança das pessoas.

Acho que também me mantenho firme em continuar meu projeto "Zahra Sharq" anualmente para agradar aquele meu público pequenininho, mas fiel. Dane-se. Se eu sentir que está realmente me prejudicando, daí eu paro de vez. E as amizades fortificadas durante a organização dos envolvidos, né... essas não têm preço que cobre.

Incentivo muito as profissionais se aventurarem na organização de eventos!

Até uma próxima melhor!
Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 18 de julho de 2010

Gafes na Dança do Ventre

Eu, que defendo os concursos de Dança do Ventre, caí recentemente mais uma vez em injustiça com aluna. Ironia total. Mas não, continuo mantendo minha opinião. Os concursos fazem, não só as alunas, como as professoras, crescerem com as avaliações, a coreografia, o nervosismo.

Porém, às vezes, caímos em armadilhas, sem querer ou não. A falta de uma combinação ou conversa entre os jurados é uma delas; um edital mal feito, em que faltam especificações com relação ao não-cumprimento das regras; ou falta de bom-senso ou preparo mesmo.

Não digo que a culpa é dos organizadores quando me refiro à falta de bom senso. Fica difícil imaginar que um profissional aparentemente capacitado venha a cometer gafes desse tipo, mas pode acontecer.

Quem já não soube de alguma bailarina famosa, uma deusa no palco, mas que esconde o jogo durante um workshop ou nas aulas? Ou o fato da bailarina ser uma pessoa super antipática ou grosseira?

Como estou sempre participando de concursos, sozinha ou com aluna, fui percebendo quais que parecem bons profissionais mas não são, quais os eventos confiáveis, quem vale a pena fazer aula...

Meninas, não se enganem com o nome e com os selos. Já me decepcionei e creio que mesmo com o filtro que eu tenha criado, eu devo me decepcionar mais vezes porque estamos cercadas de muita gente incompetente em que parece que a propaganda importa mais que tudo. A impressão é que todas querem ser bailarinas fenômeno, mas são realmente poucas que deixaram marcas e são ou serão inesquecíveis, mesmo que parem de dançar.

Exemplos...

em que fui surpreendida negativamente: entre outros exemplos que não citarei nomes, foi o workshop da Nour em Porto Alegre. Ela dá curso baseado totalmente em coreografia. Adorei porque entendi a dança dela e ela é super didática, mas... pagar para copiar professora dançando NÃO DÁ.

em que fui surpreendida positivamente: o workshop da Orit Maftsir aqui no Rio de Janeiro. Fui no show com quem não quer nada e gostei. Mas onde fiquei fascinada foi no workshop. Fantástica. Ela manteve minhas convicções em pé.

O que quis mostrar com isso é que não se preocupe tanto se você não conhece a profissional que vai dar workshop ou vai dançar. Com a internet, tudo é possível hoje, dá para se ter ideia do trabalho de quase todo mundo! Logo, galerinha, não se iluda com os rótulos! And keep dancing...

Os vídeos das queridas Nour e Orit para nos deleitarmos porque a gente merece!



Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 17 de julho de 2010

Dinheiro, pra quê? Ela é bailarina! - por Aisha Jalilah

"Para que ser bem remunerado em dança? Afinal, bailarina de dança do ventre:

- mora em tendas no deserto e não paga aluguel, IPTU e condomínio.
- não precisa de convênio médico, já que, lá no fundo, todo mundo sabe que ela é um ser além das condições humanas normais, e está sempre rodeada por forças divinas.
- seus filhos não vão a escola e não precisam de aulas de natação pois ela é bailarina e não mãe, esqueceu?
- não faz compras no mercado, aliás, comer pra quê? Ela precisa se manter em forma e se alimentar da admiração alheia.
- tem passe livre em restaurantes, simplesmente por ser parte da imaginação humana e merecer respeito pelas lantejoulas que carrega há séculos.
- não precisa se preocupar com a pele, já que existe Photoshop e, no final, tudo se resolve com uma luz baixa ou sem luz mesmo.
- roupa de dança do ventre é barato, vende até na 25 de março. (E sempre tem aquela tia ou avó que sabe bordar)
- não precisa pagar para fazer aulas, dança é como a tecnologia bluetooth, é só estar perto de outros talentos que a transmissão acontece.
- não precisa de roupas comuns, os trajes da dança são as peças mais bonitas do seu armário e se eu fosse ela sairia na rua com eles, iria arrasar geral.
- IPVA, Seguro e licenciamento, táxi ou ônibus. Como assim, e o camelo?????
- Véu arco-íris é coringa, combina com qualquer roupa e assim economiza.
- Ela ganha muitos presentes dos homens ricos e poderosos que a cercam, inclusive muitas jóias para combinar com as roupas.
- Viver de dança é viver em meio a muito glamour, não há necessidade de almejar mais coisas na vida.
- Bailarina não tira férias, afinal a vida dela não tem estresse, então, férias, pra quê? E quem vai me dar aulas enquanto ela estará fora... nem pensar!!!
- viagem a trabalho??? você só pode estar brincando, ? Além do mais toda vez que ela viaja é para fazer o que mais gosta, então não é trabalho, além de dançar, ela ganha hospedagem e passagem... assim é fácil!
- despesas com tecnologia passam longe do orçamento, porque computador, mp3, ipod, câmera digital fotográfica e filmadora são artigos supérfluos para uma profissão que fala de corpo em movimento, então trate de se mexer e pare de reclamar.

Sendo assim não é necessário ganhar dinheiro, não é mesmo??!?

Seria engraçado se não fosse real. Tem academia grande e mega famosa que paga R$6,00 a hora-aula, o que deve totalizar R$ 72,00 por mês, esse foi um exemplo, mas a grande maioria dos contratantes exerce muito mal a valorização do seu prestador de serviço. Isso é geral, para aulas, workshops e shows, quem dirá para outras participações do artista.

Pense bem se é certo pensar que sua professora ou bailarina não necessita de remuneração de respeito. Parece brincadeira, mas o fato é que nossa condição para viver é a mesma de qualquer cidadão, trabalhar para comprar o pão... e o pão custa dinheiro...

E as colegas bailarinas podem pedir licença ao seu ego para fazer a negociação com consciência, pois ele coloca o desejo de estar em determinado palco ou de atuar em tal sala de aula em primeiro lugar e se torna o maior facilitador para pensamentos absurdos em relação a valorização do seu trabalho."

Texto original em Aisha Jalilah.

Tudo bem por aí? 
Bauce Kabira,
Hanna Aisha

terça-feira, 15 de junho de 2010

Selos de Qualidade

Oi, meninas! vim falar sobre um assunto que não se esgota e parece aumentar mais ainda...

Segunda-feira agora, dia 14 de junho, o bailarino Tufic nabak anunciou as bailarinas selecionadas com o Selo de Qualidade Nabak 2010: eu e a Nanci Rocha (MG). Eu que sempre tive um pouco de pé atrás com isso, as pessoas podem achar que eu mudei de ideia. Mas não, tá tudo normal. Quando ele me apresentou a ideia do selo, durante os primeiros microssegundos eu neguei na minha mente e fiz uma cara estranha (que ele percebeu); daí, ele começou a me explicar melhor como seria seu selo. Daí achei interessante ter um selo de qualidade: estabelecer parcerias é uma das vantagens, sem ter que mudar nada em mim e no meu jeito de dançar ou me adequar; e a ideia é divulgar a cultura libanesa.

Como eu particularmente gosto do estilo e sei alguma coisa, eu tentei. E após a conversa, percebi que seria uma coisa ativa, boa pros dois lados, com validade, o que é inteligente. Daí, gostei da história de ganhar um selo. Eu já tinha 2 estrelas do Selo Oriente, Encanto e Magia; mas o retorno que eu recebi não teve a ver com o selo, mas com os concursos que eu participei no Mercado Persa.

Para esclarecer: nunca fui contra selos; as pessoas devem procurar se sentir bem com o que fazem e buscam. Mas que existe uma correlação ERRADA sobre quem tem selo é quem dança bem ou quem não tem selo, não dança bem, existe. Assim como está errada a correlação de quem dança lá fora, também dança bem. O que me incomoda é a supervalorização de bailarinas que, na realidade, não passam de bailarinas profissionais com uma dança normal ou até inferior. E isso acaba atrapalhando sim quem não tem e nem pensa em correr atrás de um. Essa é minha opinião. As opiniões são diversas e existem inúmeros posts sobre o assunto.

Aqui fica meus parabéns a todas aquelas que estão interessadas em estudar, crescer, fazer parcerias e que procuram contribuir para a divulgação da cultura árabe de qualidade, independente de ter selo ou não!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 6 de junho de 2010

Zahra Sharq 2010 com Fabiana Tolomelli no RJ

Vai rolar aqui na cidade do Rio de Janeiro, um workshop de Khaliji dos Emirados com Fabiana Tolomelli, bailarina Internacional credenciada com o padrão Bellydance® de Omar Naboulsi. O workshop será na Escola Kelimaski, de 10 às 12h no dia 07 de agosto e custa R$ 90,00.

E à noite, às 19h, no espaço das Artes de A a Z (Rua Araújo Pena, 88, |Tijuca) vai acontecer o show Zahra Sharq 2010 comigo, com a Fabiana e bailarinas convidadas da cidade. Os ingressos custam R$ 20,00, mas quem fizer o workshop, sairá R$ 100,00 show + workshop. Imperdível!


O Zahra Sharq esse ano contará com os apoios da Escola Kelimaski e da Bellydance® de Omar Naboulsi.

Mais informações: hannaaisha00@gmail.com - (21) 9152-2389 - (21) 2275-6635

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 5 de junho de 2010

Taqsim

Post revisto e reescrito em 30/09/18.

Taqsim é o momento da música árabe em que um instrumento vai realizar uma improvisação melódica, podendo ter uma base percussiva por trás dela ou não. É um momento muito comum em rotinas orientais e faz parte da música balady.

O taqsim não acompanha a melodia da música em que está inserido e nem sempre o que você ouve ou reconhece como música lenta é música no "estilo taqsim". O taqsim sempre existe em um contexto de improvisação, com base na música árabe e não na ocidental. Nesse vídeo, por exemplo, eu dancei uma música lenta ocidental, inspirada em música árabe e não um taqsim propriamente dito:


Os instrumentos mais tradicionais utilizados em taqsim são a nay, alaúde, kanoon e o acordeon. O rabab também podem aparecer solando. A nay é uma flauta de bambu. O kanoon é um instrumento de corda, semelhante a uma cítara, em que fica apoiado sobre o colo do músico, que o dedilha com as duas mãos. O acordeon é um instrumento francês e não se sabe como chegou ao Egito e se tornou seu instrumento mais importante dentro da música baladi. O alaúde é considerado o primeiro instrumento de cordas do mundo:


O violino, teclado, guitarra e o saxofone também podem ser utilizados nas músicas mais contemporâneas, como nesse vídeo de 1973, com a Nadia Gamal dançando um taqsim balady:


A voz também é um instrumento que pode realizar um solo. O maual é a introdução vocal que o árabe faz e que descende de um canto religioso, segundo alguns estudiosos. São momentos em que o cantor é dominado por seus sentimentos, geralmente relatando histórias de amor ou desilusões. O maual é muito presente nas músicas balady como Tahtil Sheebak, uma das minha preferidas (0:45-1:28):


No taqsim, a bailarina precisa se deixar dominar pela música, em que os outros instrumentos, sem ser o que está solando, ficam bastante, quando não totalmente, reduzidos. Os movimentos ondulatórios e sinuosos são os mais intuitivos no taqsim (com exceção do kanoon e do alaúde que sugerem tremidos). A grande dificuldade de se realizar um belo momento taqsim é fazer as emendas parecerem fluidas, naturais e os movimentos pouco repetitivos, associados à uma expressão adequada ao humor do taqsim. E essa música que a Elis dançou: é ou não é um taqsim?


O taqsim é uma das performances mais difíceis dentro da Dança do Ventre, porém um dos mais emocionantes quando bem realizados. Hoje, eu me identifico muito com músicas com algum momento taqsim, quando não inteiros. Aqui, é uma das minhas tentativas mais recentes de se dançar uma música com essa pegada mais forte:


Fontes: Anotações pessoais de aulas com Luciana Midlej, Maira Magno, Marcia Dib; DVD Ventreoteca "Baladi" da Munira Magharib.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Organização de eventos - aff!

Enquanto somos alunas, não temos ideia do quão trabalhoso é organizar shows e festivais de Dança Árabe. As bailarinas profissionais que já se aventuraram com isso entendem perfeitamente o que digo: a busca para local pra workshop e teatro, reunião de todas as músicas, filmagem, som, iluminação, preocupação com público, divulgação, staff, etc etc etc. cada item a ser constantemente revisto até que chegue o dia.

Já organizei dois shows com convidados de fora da cidade: isso multiplica os custos e o trabalho. Passagens, estadia, alimentação, transporte e cachê. Por isso, é preciso muita certeza, paciência e garantia financeira de que você vai pagar tudo, mesmo com prejuízo. O QUE É COMUM, não importa o tamanho do evento.

O sofrimento sempre se inicia com a escolha do local do show; você não pode fazer NADA sem isso. O máximo que você tem em mente é uma data prevista para marcar o local. E tudo está para hora da morte, pelo menos, aqui na cidade do Rio de Janeiro. Preço, segurança, disponibilidade de data: são coisas difíceis de combinar do jeito que você quer. E, às vezes, você deve abrir mão de algo para realizar seu projeto.

Uma vez combinado o local, começa a busca por atrações - essa é a parte mais divertida para mim. Montar o show, escolher as músicas, fazer o cartaz. Pronta sua programação, hora de divulgar! Daí também vem a parte de distribuição de cartazes, confecção dos ingressos, divulgação por internet... boa hora para aumentar ou estreitar contatos!

Obviamente, nem vou comentar como segue o dia do show: ADRENALINA PURA, para que tudo dê certo. Ah sim, também não é comum tudo sair 100%, ter jogo de cintura é absolutamente fundamental. O cara da filmagem esqueceu do evento, você esqueceu o CD do show, não limparam o teatro... essas coisas.

Dicas de quem organiza e também frequenta shows:
- Sugiro fortemente que os cartazes sejam feitos por bons designers: para mim, isso qualifica muito a organização. Cartazes mal feitos sugerem desleixo.
- Seja pontual: As pessoas cansam de esperar, desanimam.
- Evite que o público saiba dos problemas dos bastidores: ninguém precisa saber que você está muito chateada com o atraso de alguém.
- Cuide das convidadas do show com carinho: elas podem retornar (ou não) para seus eventos. Comidinha gostosa, água, suco e camarim confortável.
- Contrate um staff, uma ou duas pessoas para te ajudarem no dia: nossa, COMO faz diferença!!! Nem que seja aquele seu amigo, camarada!
- Caso você faça um DVD, escolha alguém que faça boa edição: seu evento não terá terminado no dia, já que você irá propagá-lo por aí. Edições mal feitas (às vezes, não é culpa nossa) queimam um pouco nosso filme.

Tem evento que eu nunca mais pisarei. Como eu não quero que isso ocorra comigo, prefiro organizar algo o mais bonito possível, mesmo que isso custe mais do que eu previ. As impressões são as que mais importam, não importa o quanto você gastou. São elas que vão fazer você aumentar seu público, ganhar alunas novas e ficar bem dentro da classe artística. CLARO, que a satisfação do evento ter acontecido é sempre grande. Todos se orgulham dos projetos criados e cumpridos.

  Muito feliz no encerramento do "Zahra Sharq" 2009, com Maira Magno.

Boa sorte a todas que já organizaram evento e às que ainda irão se aventurar!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sobre alunas de Dança do Ventre

Hoje, resolvi fazer uma pequena homenagem à todas nossas alunas em forma de texto, afinal, as professoras estão sempre sendo homenageadas por aí!...

Já gastamos algum tempo lendo alguns artigos sobre o quanto nosso meio artístico da DV pode ser cruel: preconceito, panelinhas, plágios, trapaças. Assim como já lemos o quanto a DV pode proporcionar de bom para todas nós. Lendo o artigo da Celia, me inspirei para escrever este post.

Dia 24 de outubro, rolou o III Festival Nacional de Danças Árabes Shaira Sayaad, aqui na cidade do Rio de Janeiro. E é sempre muito difícil dizer como a gente, como professora, se sente ao ver uma aluna nossa dançar. Quanto mais ganhar algum concurso! Felizmente, pude sentir essa sensação nesse Festival em que minha aluna Vanessa ficou em segundo lugar na categoria amadora. Morgana, minha outra aluna, também concorreu mas não ganhou prêmio. Mas foi a primeira vez que dançou sozinha; esse foi o maior prêmio, segundo ela.

Dentre as coisas negativas, às quais me sinto atingida algumas vezes, não há nada que pague o preço de ver o quanto nossas alunas evoluem a cada mês que se passa em sala de aula. Sua dedicação aparece na forma de perguntas, no improviso, na presença nos eventos. Mas o brilho maior fica registrado quando elas dançam.

Hoje, eu entendo porque minha professora se emocionava conosco e, particularmente, comigo nos concursos (que sempre gostei de participar). Temos uma história bem bonita: fomos dançar pela primeira vez no Mercado Persa em SP de 2005, depois de 5 anos de aula. Nosso grupo dançou said com bengala. Após dançarmos e voltarmos do palco para as cadeiras onde estavam as outras pessoas do grupo que foi pra SP, encontramos nossa professora chorando agachada no chão. Não preciso dizer que o choro foi generalizado. Nem sei como eu reagiria no seu lugar...

A grande vantagem de ser aluna é isso: estudar sem pressa, apreciar os bons momentos em que dança, participar das aulas com prazer. A gente, infelizmente, perde um pouco disso quando se profissionaliza. É sempre preciso estar atenta para não tornarmos nossa profissão uma "mera" profissão. A Dança do Ventre nos proporciona momentos maravilhosos, não adianta. Somos privilegiadas de poder nos redescobrir (corpo e emocional) e apreciar de forma especial, uma outra cultura.

Parabéns à todas as alunas de Dança do Ventre que encantam as mostras dos eventos e suas respectivas professoras! São vocês que nos mantêm estudando e procurando crescer. Deixo aqui os videos das minhas meninas no evento que comentei no início para apreciação... um orgulho!

Morgana Shahlaa


Vanessa Miranda


Bauce kabira,
Hanna Aisha