Ontem, voltando do evento da Dalilah Zhuk com minha aluna Vanessa (que aliás, ficou em 3° lugar no amador!), vim divagando sobre nossas escolhas dentro da Dança do Ventre. Que tipo de escolhas? Eu falo do tipo de escolha que remete a nosso estilo, nossas referências de estudo. Eu disse para ela que esse tipo de decisão você só ganha com a experiência. Enquanto você é aluna, você está continuamente recebendo muitas informações e o poder de escolha é mais difícil. Mas, a partir do momento em que a gente passa a conhecer melhor os bastidores, interage com outras profissionais e responde por si só, o olhar passa a ser outro.
Enquanto eu estava no júri da categoria profissional e vi tantas meninas com estilos diferentes de roupa, dança, expressão (que, com certeza, refletiram suas escolhas nessa caminhada), eu voltei a pensar sobre isso.
Por exemplo: tem gente que diz que tenho o estilo libanês de dançar e que meu folclore é muito bom e devia ser mais explorado. Daí, eu fico pensando se devo seguir os conselhos ou investir mais em outras coisas que eu gosto também, como o estilo egípcio e suas rotinas clássicas ou tarab. Isso eu confesso que ainda não decidi.
Mas, saí de lá com uma certeza: eu decidi por querer tocar o público não profissional. Porque tem bailarina que dança para bailarina e não pras pessoas. Percebi isso nas meninas que concorreram: umas foram belamente técnicas e outras me fizeram ficar de olhos fixos nelas, de tão tocantes (não que sejam excludentes). O que é uma escolha!
No meu show, minha aluna de iniciante veio correndo dizer que tinha chorado durante minha performance. Ok, ela é minha aluna, pode ser parcial. Porém, ontem, recebi muitos elogios e os rostos das pessoas refletiam prazer em me ver. Nossa, que recompensa!
Isso me lembra uma performance da Nadja Al Balady que me marcou profundamente: ela dançou "Garganta" da Ana Carolina (tipo de performance que não gosto de ver) de uma maneira tão emocionada, tão entregue que ela me arrepiou e eu nunca mais esqueci.
Nossa caminhada é bem longa mesmo e esses níveis de maturidade você só vai ganhando com o tempo. Em um mundinho de fabricação de bailarinas padrão, um conselho de uma bebê: tenha calma que o tempo vai te indicar o que é melhor para você. Eu tô junto de vocês!
Bauce kabira,
Hanna Aisha