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sábado, 14 de dezembro de 2013

E mais um ano se vai...

Como no ano passado, daremos "férias" para o blog, já que as atividades de dança e estudos diminuem consideravelmente (com razão!), e este será o último post de 2013. Claro que isso não te impede de reler posts ou ler aqueles que você não teve tempo! Voltaremos dia 12 de janeiro de 2014. Agora, vamos aos informes, dicas, pedidos, desejos...

Começarei janeiro organizando 2 workshops de verão: um comigo e outro com a bailarina de Brasília, Dunia! O preço está um delícia e você terá a oportunidade de se mexer, já que as escolas de dança estarão fechadas (com razão também!). Os resumos dos cursos são:

TÉCNICAS DE QUADRIL com Dunia (KK-Brasília):
Inspiradas em Randa Kamel e Camelia of Cairo com trabalho de soltura, novas combinações e leitura com ênfase em domínio do quadril.

BASTÃO ESTILO LIBANÊS com Hanna Aisha (RJ):
Uso do bastão em performances femininas de dabke libanês moderno. OBS: Ir de tênis ou sapato de dança.


No último sorteio do blog, pedi para vocês sugerirem temas para eu postar aqui; atendi à algumas sugestões, mas ainda estou devendo alguns, eles não foram esquecidos! Falta tempo, mas estão guardados! Isso não me impede de pedir para que vocês me enviem mais! Escreve sua sugestão aqui nos comentários!

Outra coisa: como metade das leitoras são alunas, abri uma coluna chamada "Espaço da Pupila" e até hoje, só recebi um texto! Meninas, vamos escrever o que vocês sentem, pensam, têm dúvidas? Queremos saber!

Não deixem de preencher esse cadastro que a Funarte está organizando:

"A Funarte quer identificar os profissionais e os grupos que atuam na área de dança em todo o Brasil. Para isso, preparou este sistema de cadastro virtual, que vai permitir o mapeamento do setor. Através do Cadastro de Dança, podem ser armazenadas e divulgadas informações sobre artistas, professores, técnicos, espaços, organizações, projetos sociais, fontes de informação e estabelecimentos de ensino, entre outros. Bailarinos, coreógrafos, diretores, produtores, educadores e demais profissionais e artistas podem ajudar a construir essa base de dados. Ela servirá também para pesquisa e para elaboração e divulgação de projetos, pois será disponibilizada para consulta dos usuários".

Adorei esse vídeo e o indico para assisti-lo com um olhar de apreciação e para relembrarmos a Dança do Ventre como uma dança de dissociação, simples, alegre e gostosa de ver e fazer:



Se eu tivesse que resumir em uma palavra como foi meu 2013 como bailarina e professora, seria autoconhecimento. Foi o ano que mais pensei na Dança do Ventre como profissão e no meu papel como bailarina. Os podcasts e conversar com bailarinas "com cabeça" me ajudaram muito a me guiar nessa busca. Não considero acabado: em janeiro tive o start dessa necessidade de me autoconhecer e desenvolvi alguns aspectos ao longo do ano, mas ainda não parei para definir várias coisas. De qualquer maneira, vou deixar aqui uma sugestão de exercício para diminuir angústias:

Responda em um caderninho (faz à mão!) algumas perguntas como: "Que bailarinas são minhas referências técnicas?", "Que bailarinas eu admiro a dança?", "Minhas qualidades/facilidades como bailarina", "Que músicas gosto de ouvir?", "Que músicas gosto de dançar?", "O que preciso melhorar?", "Quais meus objetivos: fama, dinheiro, alunas, workshops?", "Quero viver ou não de dança?"... etc. 

Muito obrigada por me acompanharem mais um ano, comentando, divulgando ou, apenas, lendo. Não há sentido existir blog se não existem leitores! Queria compartilhar outro vídeo que me passou muita alegria, se eu tivesse que defini-lo em uma palavra:


Quem quiser continuar me acompanhando, curte minha Fan Page, ela não ficará parada! Ou me acompanhe no IG: @hanna_aisha!

Boas festas e até ano que vem!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

DVDs de Dança - parte 5

Habibas,

O filme é realmente uma delícia, apesar da carreira meteórica (e tão rapidamente aceita pelos egípcios) da Lola! A gente se identifica em todas as partes do crescimento dela, inclusive com suas frustrações e lições como "não se sentir uma bailarina só porque você se parece com uma"! A Ismahan, professora da Lola, foi minha personagem preferida, me deu vontade de ter aulas com ela, mesmo sendo fictícia. Ela é linda, sensual e cheia de sentimento, apesar de reprimida e triste.

Aqui tem uma sinopse do filme e aqui uma resenha da Celia. Como ela mesma escreveu, "Um dos pontos altos, como comentam os críticos, é o tom de comédia que o filme dá, abrindo espaço, sem tocar na ferida, para abordar os preconceitos de "mão-dupla" que existem entre o Ocidente e o Oriente, e os mal-entendidos que acontecem pelo "choque de culturas" que Lola perpassa".

Para ser assistido com pipoca!


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 30 de novembro de 2013

Estilo do Leste Europeu de DV

Olá, estudiosas!

Se eu tivesse que chutar, as bailarinas do leste europeu começaram a ganhar destaque, aqui no Brasil, há uns 3 anos, com a ucraniana Daria Mitskevich, que estará no Brasil, pela primeira vez em agosto de 2014:


O estilo delas é bem forte, com muito uso dos cabelos, quedas, cambrês gigantes (elas possuem coluna de borracha, óbvio), quadril poderoso e preciso, giros rápidos. A outra ucraniana que está vindo para o Brasil em abril de 2014 é a Marta Korzun:


A russa Aida Bogomolova é a que mais gosto, veio pela primeira vez no Brasil esse ano e volta, também, em 2014. Eu a acho é bem refinada e elegante, com um vocabulário de movimentos mais "pé no chão" e menos "aéreas":


A dança delas é muito impactante e parte do sucesso também se deve ao imenso carisma que elas apresentam no palco, seja cantando, sorrindo muito, interagindo com o público... As mais conhecidas são as ucranianas, mas existem muitas russas famosas como Anastasia Biserova e Yevgenia Kopteva e recentemente, conheci essa bailarina tcheca:


Não podemos esquecer do Aleksei Riaboshapka, Yana Kruppa e da Nour (que já possui um estilo egípcio por morar lá há muitos anos).

E você, já recebeu influência desse novo estilo em sua dança?


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A rotina oriental sob o olhar da bailarina egípcia

Post revisto e reescrito em 19/11/2018

Olá, bellyestudiosas!

Quem sempre está refletindo sobre sua profissão, evitando ficar estagnado no seus achismos, abrindo a cabeça para novos conhecimentos, contestando suas próprias opiniões, acaba cruzando com pessoas que pensam parecido, mais cedo ou tarde. E a sintonia acontece porque muitos desses questionamentos nunca acabam, apenas aprimoram-se.

Eu sempre quis saber de onde vieram as "regras" das rotinas orientais? Essa pergunta faz parte do meu mesmo questionamento: quem criou a primeira música nesse estilo? Alguns dizem que foi a Badia Masabni e, pode ser que ela tenha aprimorado a ideia de firqa para os palcos dos clubes noturnos e inserido mais um "instrumento" nela: a bailarina de raqs sharqi. Aqui, vemos a Tahia Karioka dançando o que seria a base para as rotinas orientais mais modernas:


Com a dança do ventre sendo aprimorada como profissão, ao longo do tempo, as músicas tiveram o mesmo destino. Nesse vídeo, vemos uma rotina mais "normal" a nós, tanto como dança quanto música; claro, ela é dos anos 70 e não, mais anos 40:


Apesar de eu sentir que algumas bailarinas não curtem conceituar os estilos de música árabe e, com isso, a maneira como iremos dançar, eu tenho gostado de conhecer cada vez mais essas diferenças e tentar classificá-las. Acho que orienta mais nossos estudos e performances. Hoje, sabemos distinguir o que é uma música clássica de uma rotina/mejance, uma música pop de um shaabi, um dabke de um said... ufa! E quem venham mais estilos!

Quando nos voltamos para as rotinas orientais (músicas clássicas, como muitas ainda chamam), eu sempre tive a sensação de que a gente dança esse estilo de forma diferente das egípcias:


Essa leitura que considerava "diferente" não está presente apenas na dança das bailarinas egípcias mais antigas. A Randa é considerada um exemplo de Dança do Ventre egípcia moderna:



Há uns anos atrás, a primeira vez que eu ouvi que o véu não era obrigatório para a entrada da rotina, eu fiquei chocada: "Como assim, não é obrigatório?" Então, resolvi parar para observar como várias bailarinas antigas dançavam as rotinas. Percebi que as próprias egípcias, as referências da suposta "raiz" da Dança do Ventre para a maioria das bailarinas, não só quase não usavam véu na rotina como tinham uma leitura um pouco diferente da que aprendi e continuo vendo por aí. Logo, ficou a pergunta na minha cabeça: "De onde vieram todas essas regras de leitura de ritmos, véu na entrada e etc?"

Se eu tivesse que chutar algo, eu diria que fazemos sim, de uma forma mais distante, o que elas faziam, porém, houve tanta ocidentalização da dança que, quando eu comparo as danças, elas sempre me soam completamente diferentes, em um primeiro momento.

Aqui, por exemplo, vemos uma leitura mais comum para nós, brasileiras (talvez ocidentais):


Não é uma questão de achar um melhor que o outro; apenas, queria saber porque esse formato foi considerado (ainda é) intocável pelas brasileiras...

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Dança das Flores

Post a pedido de Saisha Lis

O que vem a ser Dança das flores? Nada mais que um fallahi com o acessório "flores", assim como a Dança com Jarro. As músicas são basicamente as mesmas, os movimentos são os mesmos, a roupa é a mesma, o que vai mudar será o acessório e o roteiro da performance que você vai criar.

Perguntei para minha professora de árabe se ela conseguia entender um pouco a letra da música abaixo (que todo mundo dança com flores) e ela disse que pescou o cara falando de cores. Parece, então, que tem tudo a ver, né?


O ideal é sabermos a tradução das músicas, né, mas como isso é difícil, principalmente para folclore!... Vídeos egípcios também podem dar uma boa dica:


Sabe de onde veio a inspiração para a dança com flores? Das colheitas de algodão! Então, baby, pode usar aquele seu arquinho de meleah na sua performance! Dança Fallahi pode ser dançado com muitos acessórios, porém apenas aqueles que tenham a ver com seu cotidiano rural.

Para crianças e juvenil, é uma excelente opção para coregrafia em grupo pois é uma dança alegre e festiva, mesmo que esteja fora do contexto folclórico:


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 9 de novembro de 2013

Cambrês

Ai ai... os cambrês! Todo mundo adoooora! Quem não gosta e não é louca para fazer lindos cambrês? Segundo a Flora Pitta, que é bailarina e fisioterapeuta, existem 3 tipos: lateral, frontal e o que usa toda extensão do corpo, e que também pode ser executado ajoelhada, que é o mais conhecido de todos (foto ao lado). Ela recomenda o fortalecimento da musculatura do abdômen e da coluna, além de se treinar o movimento corretamente (pergunta pra sua professora!).

Eu lembro que o cambrê ajoelhado até alcançar a cabeça no chão foi o primeiro movimento que eu levava para casa e estudava todos os dias até conseguir executá-lo. Não demorei muito e fazia em cima da cama antes de dormir (não faria isso de novo, pois a cama não é a melhor base)!

Flora também diz que existem pessoas que possuem frouxidão capsulo-ligamentar (o que é isso) e, com isso, realizam cambrês magníficos. Será que a Saida possui isso?


As ucranianas são referência no quesito "cambrês sinistros" e suas colunas de borracha:



Quando eu ensino cambrê, sempre digo que devemos ir até onde conseguimos e ir trabalhando dentro desse limite, ou seja: você quer colocar o cambrê na sua dança, mas ele ainda não está do jeito que você quer, tudo bem; faça até onde você consegue sem se desequilibrar e sem se sentir desconfortável. Quando for ensaiar ou treinar, tenta aumentá-lo devagar, de preferência, com o corpo mais aquecido, para evitar lesão.

Engraçado que tentar executar cambrês muito grandes nunca foram meu objetivo, eu estou satisfeita com os meus dentro da minha dança. Eu confesso que gosto de fazer o cambrê lateral o maior que eu puder, mas não me martirizo tentando fazê-lo crescer não. Faço, gosto e termino feliz.

E esse não é o objetivo final?


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 2 de novembro de 2013

Quanto vale nosso trabalho? Sobre cachês

Nesse restaurante em SP, aceitei um cachê
baixíssimo porque na minha cabeça na época,
era interessante pra eu me divulgar e ganhar
experiência. Hoje, não só não faria isso como
não recomendo fazer isso nem para quem está
começando.
A valorização deve ocorrer desde
o início da carreira
.
Depois de ler o post da Nilza Leão sobre cachê e de passar o Festival Shimmie, fiquei pensando sobre isso. Nunca quis escrever sobre esse assunto aqui no blog e muito já se falou sobre valorização do profissional de Dança do Ventre. Me parece até um assunto razoavelmente esgotado, porque ninguém discorda de que não é ético cobrar preços muito baixos, pois desvaloriza o trabalho das bailarinas que cobram um valor justo (ou um valor alto, dependendo do que ela representa pro mercado). Vim nesse post para discutir o pagamento ou não de cachê.

Em qual situação você abriria mão do seu cachê, sem contar com eventos beneficentes? Nenhum? Você já pensou o quão comumente isso acontece? Vou explicar melhor:

Vemos muitos "shows de gala" por aí e as bailarinas profissionais que são convidadas, normalmente, não recebem cachê (você não sabia?). Os motivos são variados, razoáveis ou não: a produção não consegue incluir isso no orçamento sem ter prejuízo, pois sabe o quão difícil é pagar toda a produção de um show; não tem interesse em pagar, pois acha que o convite por si só já é uma honra; nunca pensaram sobre o assunto por ser simplesmente, cultural. Entre outros.

A questão é: todo mundo acha que o certo é pagar cachê e um cachê justo. Ou não? Vamos considerar que sim: todo mundo quer ganhar um cachê que considera justo. Fazemos esse discurso por acharmos que isso é o certo (e não vou discutir aqui se é ou não certo) e negamos convites para shows, caso o valor seja baixo ou não exista cachê. Maaaaaaaaaaas... se recebemos convite para dançarmos:

- num grande festival de Dança, em que sabemos que vamos aparecer, mesmo que seja fora da sua cidade e ninguém vai pagar sua estadia e passagem
- num lugar famoso
- numa feira da providência qualquer
- no Big Brother Brasil
- no Copacabana Palace
- no Faustão

sim, aceitamos dançar de graça. E ponto final.

E aí, onde entra o discurso do cachê, pois, afinal, "dançar faz parte do nosso trabalho, existem inúmeros custos e eu vivo só disso"?

O que eu quero dizer com esse post? Que eu estou defendendo que devemos sempre aceitar dançar de graça nos eventos, senão estaremos sendo arrogantes? NÃO! Mil vezes não! O que eu quero sugerir é que devemos ter mais cuidado com as opiniões que divulgamos por aí e lembrar que todas nós agimos de acordo com nossos interesses SIM e se achamos que não vale a pena dançar de graça num evento X, mas vale dançar de graça no evento Y, NÓS FAREMOS SIM. Isso é desvalorizar nosso trabalho? Não acho. Existem outras coisas muito mais fáceis de serem resolvidas para melhorar substancialmente o mercado da Dança do Ventre como, por exemplo, retirar do circuito professoras despreparadas dando aula e não valorizar bailarinas de qualidade duvidosa.

Cachê é importante? Sim, mas pagar um cachê justo às bailarinas, dentro de um evento de dança de QUALIDADE, é bem difícil. Não impossível. Todas as produtoras de evento devem tentar incluir o cachê nos seus orçamentos, mesmo que isso diminua seu lucro (heim? lucro?) ou criar maneiras alternativas de pagamento. Assim, iniciaremos uma nova "cultura". Mas, por favor, sem hipocrisia nos discursos!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desconstruindo leituras (15)

A desconstrução começa pela roupa da Aysha Almeé. Depois passa pelo trabalho de tronco e ombros e "por incrível que pareça", ela usou bastante o quadril e fez uma leitura linda dos instrumentos, em um momento em que os arabesques, giros e cambrês têm tomado espaço dentro dos taqsims. Por isso, resolvi postar esse vídeo dentro dessa coluna do blog: para relembrar que o quadril ainda é a base da nossa dança:



Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

[Off-topic] Meu blog é neutro em carbono

Queridos e preocupados leitores,


Minha formação como bióloga e cidadã consciente, me faz, por exemplo, juntar papel para reciclagem. Podia fazer mais, claro, todos nós! Mas a vida impede a gente de fazer tanta coisa... cheguei a fazer um post sobre como poderíamos implementar alguma coisa para contribuir para destruirmos menos o nosso ambiente, usando a Dança do Ventre como exemplo (acredito em ações individuais para problemas locais, mas tenho noção de que para problemas globais, não somos nós quem resolveremos isso).

Esse mês, recebi o convite da Camila Araújo, que faz parte da equipe Gesto Verde, para participar de uma campanha sem fins lucrativos promovida pela Guiato, uma startup que visa promover a sustentabilidade através do meio digital. O Gesto Verde lançou o desafio inicial de plantar 500 árvores em prol da diminuição do impacto ambiental gerado pela sociedade. Após conquistar a parceria de 500 sites/blogs, o Gesto Verde resolveu aumentar o desafio: plantar 1.000 árvores nativas no Brasil e para isso, eles precisam da participação de 1.000 sites/blogs, sendo que cada post sobre a campanha é revertido em uma árvore plantada pelo IBF.

Fica a pergunta: por que um blog produz quase 3,6 kg de dióxido de carbono por ano? 

Segundo a equipe do Gesto Verde, "De acordo com um estudo realizado pelo ambientalista e físico da Harvard University, Dr. Alexander Wissner-Gross, um internauta produz, em média, cerca de 0,02 gramas de COpor exibição de página. 

Considerando que um blog geralmente recebe em torno de 15.000 visitas por mês, isso resulta em 3,6 kg de CO2 emitidos por ano. Este total é gerado principalmente pelo grande consumo de energia, devido à refrigeração necessária para o funcionamento de computadores e servidores. 

Infelizmente, não é possível saber quanto de CO2 uma árvore absorve exatamente. Pois isso vai depender da sua espécie, da sua exposição à luz, do tempo necessário para o seu crescimento e de características locais, tais como o solo, recursos hídricos disponíveis e a latitude onde a árvore se encontra. 

O que se pode dizer, com certeza, é que o plantio de uma árvore absorve uma média de 5 kg de CO2 lançados na atmosfera por ano. Um blog normal emite, anualmente, cerca de 3,6 kg de CO2 ma árvore é, então, capaz de neutralizar as emissões de CO2 e um blog. Já que uma árvore vive cerca de 50 anos, as emissões de CO2 do seu blog são totalmente neutralizadas durante este período". 

Queridas blogueiras, vamos participar? 

Meu Blog é neutro em CO2, neutralize o seu também. Saiba como. 


Bauce kabira, 
Hanna Aisha

sábado, 12 de outubro de 2013

1o. Belly Ostras

Queridos,

Resolvi entrar como apoio do evento da Anne Nargis, de Rio das Ostras - RJ por dois motivos: a) eu entendo como é difícil produzir um evento com gente de fora e b) eu adoro a Munira (ela sempre está na minha lista de convidadas pro Zahra Sharq!)


Munira Magharib e Tufic Nabak serão os convidados especiais da Anne, em seu primeiro grande evento, que ocorrerá dias 9 e 10 de novembro com show e workshop dos dois. Informações interessantes:

O tema do workshop do Tufic será sobre Dabke e custará R$ 80,00 e o da Munira será sobre quadril e custará R$ 90,00 (dá uma olhada no cartaz!). Fazendo os dois, sai por R$ 150,00. Excelente preço, porém é até dia 15 de outubro!

Para a mostra, as inscrições custam R$ 30,00 Solo, R$ 50,00 Dupla, R$ 80,00 Trio e R$ 120,00 Grupo a partir de 4 integrantes. Os ingressos para o evento custam R$ 30,00 a inteira e R$ 15,00 a meia (mas quem fizer o workshop ou apresentar o flyer no dia do show também paga meia).

O teatro fica na Rua da Feirinha e a academia para os workshops fica na rua do Shopping de Madeira.


Mais informações com annenargis@hotmail.com

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 28 de setembro de 2013

Duas carreiras

Post a pedido de Lucielle le Fay

A edição no. 11 da Revista Shimmie trouxe como matéria de capa o tema de que é possível conciliar duas profissões (uma delas, no caso, é a DV) e eu posso dizer, da primeira fila: "Sim, é possível!".

Eu apresentando pôster em congresso,
ainda na graduação. Já fazia Dança do Ventre.
Como a Tahya Brasileye disse no artigo, quando começamos a fazer aulas de danças orientais, não imaginamos onde iremos chegar. Com exceção das meninas que começam muito cedo na DV, é comum passar pela cabeça de bailarinas profissionais se elas devem largar suas profissões e se dedicar exclusivamente à DV, pois, confessemos: viver de dança é tentador (mas nem tudo são flores). Neste post, para facilitar a discussão, vou considerar diferentes profissões, aquelas não relacionadas à dança (ou seja, estou considerando ateliês, maquiagem, bijus, acessórios, etc como relacionados à dança).

Uma das coisas que elas escreveram: "Na execução das profissões, sabemos que o sucesso vem com a dedicação, a prática e o tempo, e quando exercemos mais de uma profissão, a dedicação aumenta e o tempo fica mais disputado".

Eu diria que esse é o maior problema para conciliar duas profissões: dedicação. Porque não basta "ter um tempo sobrando". É preciso mais tempo em absoluto, para que a dedicação renda frutos de verdade e esse, particularmente, é o meu funil. Não tenho tempo suficiente para me dedicar como deveria às duas profissões e acabo escolhendo a minha primeira, que é de bióloga (atualmente, estou terminando meu doutorado em Bioquímica na UFRJ). Então, a dança, acaba ficando restrita ao tempo que me sobra e aos fins-de-semana.

Por muito tempo, me culpava por isso porque minha dança e minhas aulas (acho que mais a dança que as aulas) não eram do jeito que eu queria que fossem. "Preciso melhorar meu shimmie, meus braços, meus giros, minha expressão, tudo!". Daí para a frustração era um passo só. E sim, me senti frustrada, triste, desanimada durante a maior parte da minha carreira (que começou em 2008). Mesmo assim, nunca dei um tempo na dança porque eu sentiria muita falta e na verdade, nunca precisei parar por motivo de força maior.



As comparações eram inevitáveis: "Fulana tem o mesmo tempo que eu e dança muito mais!", "Fulana tem mais aluna!"... CLARO! Ela vive de dança! Demorei a entender isso, até eu ouvir de uma querida amiga bailarina: "Hanna, dentro do seu tempo disponível, você tem sim um trabalho muito bom como bailarina; você me acha muito boa, mas eu tenho obrigação de ser boa porque eu vivo de dança!"

Suspiro de alívio. Não é que era verdade? Isso diminuiu imensamente toda minha carga de culpa por não conseguir fazer tudo que eu queria fazer. Mas isso não significa relaxamento. Uma vez que eu escolhi ter a dança também como profissão, eu devo manter minhas obrigações em dia: estudar, treinar, dar boas aulas, fazer boas apresentações, cuidar do visual. Ou seja, a disciplina deve ser mantida.

Polímnia Garro, conhecida por nós, é arquiteta e atualmente, deu um tempo na dança para se dedicar ao que sempre foi sua escolha. Isso significa que ela parou e nunca mais vai voltar? Não, mas ela fez uma escolha que, com certeza, ela sabia que se sentiria mais plena nesse momento de sua vida:


Satisfação pessoal é outro importante fator que influencia a gente nessa escolha. Sou plenamente feliz trabalhando só com dança do ventre, "apesar de"? (tem gente que não aguenta os "apesar de"...) Se eu largar minha outra profissão, não vou sentir falta?

"Hanna, eu quero continuar fazendo as duas coisas, como faço?". Cai dentro! Ah sim, existe um preço a se pagar para manter suas profissões bem sucedidas! Os fins-de-semana e suas noites nunca serão iguais à de uma pessoa "comum" (até porque o de bailarina já é incomum). Lazer e boas noites de sono... muita coisa você abre mão, como a cervejinha, a televisão, o descanso mental mesmo porque você precisa assistir vídeos, ir pro workshop, treinar sua coreografia, ler blogs, etc.

Dedicação e disciplina são fundamentais, porém, se estamos mantendo as duas profissões, é porque a satisfação pessoal está sendo preenchida de alguma maneira. Se você está se aborrecendo demais em qualquer uma das suas profissões, podem estar acontecendo duas coisas: ou você está trabalhando nos lugares e/ou com pessoas erradas ou realmente, você precisa largar uma delas para ser mais feliz. Aí, é com você!

"Hanna, você já pensou em viver só de dança?" Claro que já, mas nunca de forma muito seria porque EU SEI que eu sentiria muita falta da Biologia na minha vida e eu não conseguiria colocá-la no patamar de hobby. E eu pensei de forma muito racional mesmo e percebi que existem muitos obstáculos na DV que eu, particularmente, não teria muita paciência de encarar. Logo, não foi muito difícil para mim.

Aqui, o vídeo da Lucielle le Fay, quem sugeriu este post e que está fazendo graduação em Biologia e já veio conversar comigo sobre isso:


Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 22 de setembro de 2013

DVD de Dança - parte 4

Queridas estudiosas,

Recomendando muito o DVD de Balady da Munira Magharib (que gosto muito do trabalho!), produzido pela Ventreoteca.

Ela fala sobre alguns instrumentos da música árabe, sobre o que é balady e mostra algumas possibilidades de movimento que achei bem interessantes, que não cabe só na Dança Balady, não, mas que você pode incorporar no seu vocabulário de Dança do Ventre.

Aliás, estudar balady é absolutamente fundamental para se entender bem a Dança do Ventre, não importa qual estilo que você quer adotar!


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 14 de setembro de 2013

Dança Khaliji

Eu tenho a sensação de que não sei mais nada sobre khaliji; acho que deveria haver um movimento de revisão sobre o que é essa dança aqui no Brasil, por bailarinas que viveram nos Emirados Árabes, pois cada uma carrega sua verdade, que me parece estar errada. As bailarinas precisam abaixar a cabeça e admitir que NÃO sabem khaliji e estudar de novo, com quem realmente sabe e vivenciou a cultura khaliji. Por isso, pedi à Julia Falcão, que acabou de voltar de lá para o Brasil, para que escrevesse sobre o tema para o blog, pois não me sinto mais segura. Espero que gostem! [O texto e vídeos são de responsabilidade da autora, as fotos foram selecionados pelo blog]

OS FOLCLORES DO ORIENTE MÉDIO

Primeiramente deixem-me agradecer à queridissíma Hanna Aisha por me confiar a tarefa de passar um pouquinho do meu conhecimento a todas vocês: "Querida, um beijo enorme para ti, obrigada!". Praticamente tudo que irei dividir com vocês aqui é baseado em experiências minhas, o que vi e vivi trabalhando pelo mundo com a dança do ventre. Neste artigo, irei me ater somente aos dados técnicos de cada folclore, uma vez que a parte histórica de construção de cada um está atrelado aos costumes e cultura de cada país e o post ficaria ligeiramente longo com esta enorme aula de história. Quem sabe esta pode ser uma boa sugestão para uma nova visita minha no blog da Hanninha, não é verdade? [Nota da Hanna Aisha: sim!]. Entre cada folclore, eu procurei anexar vídeos bastante fiéis ao estilo tradicional de cada dança e, em outros poucos, acrescentei também como ele é usado mais frequentemente, ok?! Sem mais delongas, seguimos a viagem por este mundo folclórico!

O Khalege (ou Khaleej ou ainda khaleeji) é uma dança folclórica originária do Golfo Pérsico, o que já nos explica o nome, já que a tradução de khalege é Golfo. Os países pertencentes ao Golfo Pérsico são: Bahrain, Emirados Árabes, Qatar, Arábia Saudita, Kwait e Oman.

Durante anos, o khalege dançado aqui no Brasil sofreu influência do khalege saudita (Arábia Saudita), que usa o ritmo saudi na composição musical. Este khalege faz uso de uma movimentação dos pés tradicional de khalege, um dos pés fica totalmente no chão enquanto o de trás sofre uma elevação do calcanhar. Os pés se movimentam em uma troca constante de peso (da perna direita para a esquerda, e assim por diante), porém deixando os joelhos livres para trabalharem, o que causa uma pequena elevação em um dos lados do quadril (lado da perna que está atrás). Observamos também que existem diversas movimentações de braços e mãos bem característicos da dança. A cabeça e os cabelos acompanham o ritmo saudi em movimentos circulares, oitos e alguns movimentos pendulares também, mas ao compararmos com outros khaleges, concluímos que estes movimentos de cabeça são em menor quantidade. É comum o uso de abayas de mangas largas e bem coloridas:


Acredito que hoje em dia, as bailarinas brasileiras têm se identificado mais com o khalege emirate, dançado nos Emirados Árabes, também muito dançado em Bahrain e Oman. O khalege emirate sofre algumas modificações em comparação ao saudita. As pernas parecem arrastar-se, mesmo que mantenha o mesmo posicionamento das pernas e pés. Os joelhos amortecem a elevação do calcanhar traseiro e acaba refletindo no quadril uma movimentação quase horizontal e não vertical (subindo e descendo) como no saudita. Os movimentos de mão e braços quase não aparecem mais e a movimentação de cabeça é muito maior. Neste folclore, as movimentações de quadril, shimmie, já começam a aparecer para marcar a música e a posição dos pés muda com mais frequência.

Dentre todos os khaleges, este é com certeza meu favorito. É mais leve, mais feminino, mais delicado, e ao mesmo tempo intenso e, contraditoriamente, forte. Não há necessidade de se usar abaya, mas hoje é bastante comum se ver bailarinas abusando de cores em abayas super bordadas pelos palcos dos Emirados:


Alguém aí já ouviu falar em Radah? Conhecem sim. Este folclore iraquiano foi carinhosamente apelidado de khalege iraquiano. Pois é, este é o verdadeiro nome do "khalege iraquiano". Vamos aos esclarecimentos então. Anteriormente, eu citei alguns países do Golfo, certo? Repare que o Iraque não se encontra entre estes países e como khalege quer dizer Golfo, o radah não pode ser realmente considerado um khalege, não é verdade?

Bem, o Radah é beeeeeeeem mais pesado e agressivo que os khaleges anteriores, as movimentações de cabeça são exaustivas, mais fortes e mais variadas também. Pode absolutamente tudo com a cabeça. A tradicional movimentação dos pés ainda existe, mas existe muitas outras possibilidades para eles, os pés se abrem e se fecham em pulinhos, bem como o corpo se vira lateralmente e voltando para a frente com o mesmo pulinho. Os movimentos de braço e mão bonitinhos foram praticamente abolidos deste folclore e o shimmie de quadril aparece muito mais.

O Radah também recebe uma instrumentação diferenciada, o dundok, como é chamado pelos curdos. Existem variações quanto ao nome deste instrumento conforme a região do Iraque, os nomes mais conhecidos são Khishba, zamboor e tar. O dundok tem um som diferente do tradicional derbak e aparece em toda e qualquer música para radah. Nos dias de hoje, pode ser substituído por percussão eletrônica (para quem já jogou band hero, a percussão eletrônica é bastante parecida com a bateria). A vestimenta tradicional para este folclore iraquiano é um vestido mais ajustado na cintura e bem solto nas pernas, na altura dos joelhos até os pés:

Sajedah Obied


O vídeo acima é bastante tradicional, dançado por locais, por esse motivo escolhi este vídeo da Alena (Ucrânia), que fez uma versão fantástica do Radah. Outra excelente referência é a Darya Mickevich:


O folclore Líbio é o mais simples e mais desconhecido de todos, a movimentação é bastante simplificada e repetitiva. Usa-se um movimento bastante semelhante ao "twist"  (uma das pernas fica à frente do corpo, o peso vai da perna da frente para a perna de trás enquanto o quadril torce da frente para o eixo). Quase não há movimentação de cabeça e menos ainda movem-se os braços. As músicas são bastante alegres, embora repetitivas e sem marcações muito fortes. É considerado o ritmo mais desconhecido em todo o mundo.

É um folclore muito comum de ser visto na Tunísia, já que a Líbia é um país muito fechado. Os líbios se deslocam em grande número para a Tunísia para curtirem o final de semana. Não demorou muito para que os tunisianos percebessem que este turista deveria ser agradado, já que formam grande número na clientela de restaurantes típicos locais, com a inserção de seu folclore nos shows tunisianos. 

Gurias, este foi apenas um pequeno guia para as construções folclóricas de vocês, acredito que hoje já não se segue tudo à risca. Acredito que a arte possa ser sempre modificada, aprimorada, transformada para embelezar ainda mais os palcos do mundo, mas é sempre bom sabermos a origem do que estamos dançando para que as modificações ainda possam refletir equilíbrio, além de evitar algumas gafes, certo?

Espero que tenham curtido esta pequena volta ao mundo comigo! Um beijo enorme para cada uma de vocês e obrigada por me emprestarem seus olhos atentos, enquanto transmito um pouco do meu conhecimento.

Júlia Falcão
julia_falcao@hotmail.com

A bailarina e professora Julia Falcão iniciou seus estudos em dança aos seis anos de idade com a modalidade de patinação artística e manteve-se nesta arte por 10 anos. Aos 16 anos, começou a praticar jazz com a professora Flávia Vargas por mais 4 anos. Nos anos seguintes, a dança do ventre começou a fazer parte de sua vida e hoje, 11 anos depois, se transformou na sua vida, além de carreira. Seu currículo envolve estudo com mestres e mestras brasileiras (Lulu Sabongi, Alessandra Forte, Camilla D'Amato, Kahina, entre outros), egípcios (Randa Kamel, Yousery Sharif, Gamal Seif, etc.), libaneses e israelenses (Orit Maftsir) e hoje já soma mais de 100 workshops em dança do ventre. No ano de 2009, entrou para Khan el Khalili como bailarina selecionada com padrão de qualidade e em 2010, foi eleita pelo Mercado Persa de São Paulo como a 2a melhor bailarina do Brasil. Recebeu diversos outros títulos pelo Brasil e foi campeã no solo profissional em diversos estados do Brasil e também como dupla profissional com sua irmã Marilia Falcão. Hoje, Julia está de volta ao Brasil após uma turnê de 2 anos e meio pelos países árabes, incluindo Emirados Árabes ( Dubai, Abu Dhabi e Al Ain), Tunisia, Bahrain, Jordânia e Iraque.

sábado, 7 de setembro de 2013

Esmeralda no RJ causou!

Acho que o sucesso da quinta edição do Zahra Sharq foi bem conjuntural, quase coisa do destino, pois eu não ia fazer nada esse ano, até eu receber uma proposta basicamente inegável, o que me fez decidir tudo em cima da hora. Tanto eu quanto a Esme só tínhamos UMA data, 31 de agosto; senão, nada disso teria acontecido.

Infelizmente, não vi boa parte do show, mas como confiava no elenco, confesso que não estava muito preocupada. Porém, o retorno da plateia (a mais animada EVER) na forma de aplausos ou pessoalmente para mim, me mostraram que dessa vez foi quase perfeito. Perfeito? É, não tinha muito mais o que fazer para ficar melhor. Só se chovesse dinheiro do teto! Na verdade, teria sido mais perfeito para mim, se tivessem mais pessoas prestigiando a Esme e as bailarinas ao vivo porque os vídeos NUNCA, NUNCA, NUNCA, reproduzirão a EMOÇÃO de ver aquelas performances ao vivo. [Aliás, eu sempre fico muito triste quando vejo a plateia e sei que poderia ter mais gente lá; não porque é meu show, mas porque ele é bom mesmo!]


Elenco muito querido para mim! Obrigada!

Preciso agradecer às bailarinas pela dedicação de ensaios e carinho em fazer um bom show; à minha família, que sempre me ajuda nos bastidores; aos assistentes de produção Carlos Meirelles, Gabriela Miranda, Patricia Schavarosk e Elessandro que foram impecáveis; ao Ávila, do Teatro Marista São José, pelo espaço e atenção; ao amigo Roberto Eizemberg, pela filmagem e edição, que tenho certeza que será carinhosa, como foi ano passado; ao Leonardo Martins pelas fotos; às minhas alunas da Cia Zahra Sharq, que se dedicaram bastante em cima da hora e ainda me ajudaram nos bastidores; à plateia e à presença de BAILARINAS da cidade (difícil tirar bailarina de casa, viu?); aos apoios queridos por serem pontos de venda e/ou cederem brindes, em especial, Juarez Penna por fazer meu cabelo, Milena Miranda por maquiar a Esme, à Aisha Hadarah, por ceder um book fotográfico para sortear entre as inscritas no workshop, Atelier Samara Nyla Gil Modas, por ir expor seus produtos no dia do show; à Esmeralda, por ter confiado em mim. Particularmente, à ela por ter sido o tempo todo sincera, simpática, atenciosa, preocupada com a qualidade do evento, e se mostrado uma Giovanna que eu criei afinidade.


O workshop da Esme, no dia seguinte, teve 17 inscritas, mesmo com 5 cursos acontecendo ao mesmo tempo no RJ! Quem ficou em dúvida em fazer, PERDEU! Se alguém não acreditou que isso daria certo, acho que precisa repensar seus "achismos".

Eu não sei quantas pessoas já tiveram a oportunidade de trabalhar com a Esmeralda. A questão é que o motivo que me fez convidá-la pro evento mudou; hoje, os motivos seriam completamente diferentes. Ela ganhou muito meu respeito à sua bailarina pois é uma pessoa humilde, simpática, pontual e muito profissional, que vai lá e cumpre com o seu dever, do jeito que deve ser. A Giovanna, que era desconhecida para mim, foi uma surpresa!!! Gi, quer ser minha amiga pra sempre? hehheheeh realmente nos damos bem e percebemos que temos muito o que trocar enquanto pessoas e bailarinas.


Pela primeira vez, não tive tempo de ficar nervosa pois minha preocupação em não atrasar o show (acho que foram uns 10 minutos só), em marcar o palco, a luz e ver o som direito, me fez correr para ir me arrumar 15 minutos antes da hora marcada. A ideia é melhorar a estrutura do evento a cada ano (isso inclui de bastidores à plateia), mas fazer tudo isso sozinha é um desafio que poucas pessoas entendem, por isso que todo ano eu digo que não faço mais. Eu pago um preço muito grande para realizar tudo isso, mas no fim, eu fico feliz, mesmo com problemas de várias naturezas. É, novamente, ainda não sei se farei ano que vem...


Coisas como essas, não se explicam em palavras. Quem não foi ao show, PERDEU, perdeu MESMO, não por ter sido meu evento, mas por ter sido realmente emocionante.

Obrigada novamente ao público fiel do Zahra Sharq, por confiar e divulgar o meu trabalho como produtora.

Aqui, você encontra todos os outros vídeos do show.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Desapego

Desapegar. Que coisa mais difícil de se fazer. Desapegar de coisas materiais, passado, sentimento, pessoas... acho, particularmente mais difícil, desapegar da decepção. Não qualquer decepção, claro. Mas desapegar da decepção gerada a partir da ação de alguém que você admira o trabalho profundamente. Descobrir que a pessoa não é, nem faz questão de ser um ser humano agradável ou de bom caráter.

Não tenho saudades do meus 20 anos. Estou gostando muito dos meus 30 anos e imagino que com 40 será ainda melhor. Com 20 anos, todas as pessoas são incríveis, quanto mais melhor, você finge que não viu, procura só enxergar as boas qualidades. Hoje, eu me sinto amadurecer quase que diariamente. Seja nos meus relacionamentos pessoais, no trabalho ou na dança. Gosto muito de perceber essas mudanças.

Quero cada vez mais, menos pessoas próximas a mim; quero aquelas que confio muito, apenas. Não me interessa mais querer aparecer para qualquer um; quero aparecer pras pessoas "certas". Não quero fazer milhões de cursos porque disseram que é bom; eu tenho foco, que mudam anualmente, de acordo com minhas necessidades e não a do mercado. Não quero mais dar opiniões para me entrosar; quero conversar e trocar apenas com quem está aberto para isso.

Quando eu penso que os profissionais de Dança do Ventre estão realmente trabalhando para melhorar o mercado, vem alguma decepção. O ego ainda é maior que o interesse em fazer o mercado, como um todo, melhorar. "Para quê TROCAR com uma zé-ninguém? Quem é ela para me contestar?" E sempre vem de "cima", nunca de "baixo". Aí fico triste, choro. No dia seguinte, sinto raiva. Quero acabar com o blog, quero parar de dar aulas, de dançar... Depois, sinto decepção. Depois... fico triste de novo, mas começo a refletir, a usar a razão. E relembro, que a Dança do Ventre não é minha atividade principal [os motivos não interessam aqui].

... daí, eu relembro também do por quê eu estar ainda trabalhando com Dança do Ventre (dentre as inúmeras vezes em que pensei em parar):

- Porque tenho poucas, sim, bem poucas, alunas que sinceramente confiam em mim como professora
- Porque tenho poucas, sim, bem poucas, bailarinas que sinceramente confiam e admiram meu trabalho como bailarina e professora
- Porque estudo tudo o que eu posso, dentro do tempo que tenho disponível (e, às vezes, indisponível) para me aprimorar como bailarina e professora, mesmo que lentamente
- Porque todo compromisso que assumo como bailarina e professora é cumprido da melhor forma possível e é reconhecido
- Porque dançar me faz bem e gosto de estudar. Ponto.

Daí, a ansiedade pelo reconhecimento alheio pelas "grandes" vai embora porque, simplesmente, não preciso mais dele.

E volto a dormir tranquila porque, simplesmente, não vale a pena. O que vale a pena é o pouco que retorna, mas de grande valor, porque é sincero.

Desejo muito sucesso àquelas pessoas que estão envolvidas nessa empreitada difícil de tornar o meio da Dança do Ventre um lugar de respeito no mercado, mas enquanto as próprias profissionais não murcharem um pouco o ego, não vai funcionar.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 11 de agosto de 2013

Souhair Zaki: pra estudar

Vamos a mais uma bailarina marcante e minha preferida, junto da Fifi Abdo: Suhair Zaki. Creio que muita gente já ouviu falar que ela foi a primeira bailarina a "cometer a ousadia" de dançar Oum Khoulsoum. Importante lembrar que, apesar de hoje ser muito comum, Oum Khoulsoum não era música para se dançar, apenas para se ouvir. Mas ela foi lá e fez, com aprovação da própria cantora:


Elegância, delicadeza, feminilidade, suavidade; para mim, ela representa a ideia tradicional da mulher. Muito egípcia, sem nenhum toque ocidental óbvio. Dança comumente taqsim balady, véu e snujs. Não me lembro de ter visto algum vídeo seu dançando folclore ou apenas percussão (se virem algum, coloquem nos comentários, por favor!). 

Notoriamente, ela tem um estilo diferente das outras bailarinas da época ou mais antigas: ela é mais contida, com uma "timidez" confundida com mistério: uma "moça de família", nada balady. Ela parece emanar uma sensualidade quase ingênua. Segundo ela mesma, aprendeu a dançar em casa sozinha, sem professores. Acho que ela foi a única bailarina a ter se casado apenas uma vez e chegar a ter filhos.

Eu achava que o soldadinho (aprendi como cavalo) era criação dela, praticamente exclusivo. Mas se você olhar a dança da Nagwa Fouad (dizem que era sua inimiga, não sei), ele também aparece bastante. Ela faz esse movimento de 0:13 a 0:30:


O figurino dela é bem repetitivo: saia godê, com duas grandes aberturas para as pernas, barrigueira e top, tudo com a mais variadas cores. Ela ainda é viva e se aposentou no ponto alto da carreira. Samia Gamal e Tahya Karioka eram suas inspirações e seu padrasto quem a incentivou a ter carreira como bailarina desde muito cedo, sendo também seu empresário. Ela participou de inúmeros filmes; já percebeu que a maioria dos vídeos dela estão ambientados?


Ela é um exemplo de que "menos é mais". Um dos fortes dela é fazer emendas de sinuosos com excelência e sempre preferiu improvisar. Além disso, ela trabalha os movimentos sempre de forma pequena, nunca expansiva. Vale a pena estudá-la, caso você precise trabalhar suavidade, calma, além dos lentos.


O auge de sua carreira foi nos anos 70 e ela se aposentou nos anos 90. Quer saber mais sobre ela? Vá aqui, aqui, e aqui. Essa performance foi minha tentativa de representá-la, a pedido da bailarina Shaira Sayaad - foi um processo delicioso, confesso:


Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 4 de agosto de 2013

Escolha da música - parte 2

Antes de mais nada, vamos ler esse post da Roberta. Foi?

O importante de ser aluna por um tempo considerável (5 anos, por exemplo) é ter a oportunidade de conhecer várias modalidades da DV (caso você tenha uma boa professora e seja estudiosa) e descobrir, muitas vezes, sem querer, que dança melhor um baladi, mesmo que você ache uma rotina oriental uma de-lí-cia de se ver e ouvir:


Como a Roberta mesma escreveu, não dançamos uma música qualquer e a expressão emerge da emoção que a música te traz. Então, como escolher as músicas para dançar aquele tão esperado solo?

Eu acredito e, imagino que a maioria das bailarinas também ache, você deve gostar dela. Porque daí é muito mais fácil criar coreografia ou improvisar. Sua expressão sairá mais espontânea, disfarçando um pouco do nervosismo.

Outra coisa que direciona bem a escolha certa da música, considerando que o estilo já foi definido, é o tempo da mesma. Se você não tem condicionamento físico para dançar 8 minutos, por que você está insistindo em dançar "Raks Bedeya" completa? Não, não faça isso, supere seus limites aos poucos. Quer muito dançá-la? Então, edite a música! Eu mesma já recebi essa crítica da Shalimar Mattar em um concurso do MP. "Vá correr, Hanna, isso vai melhorar seu condicionamento físico!". E é verdade, gente. Um saco para a maioria, mas é verdade. Pilates, musculação, natação, que seja; procure outra atividade física para te dar também resistência, para que nas suas performances você não fique com cara de quem está colocando os bofes para fora.

Para a escolha do acessório, não basta que você se sinta bem dançando ou que sua mãe diga que você está linda; você precisa ter habilidade. "Mas acho lindo e adoro dançar com véu!" Adorar e se sentir bem não significa que você o maneje bem. Peça a opinião da sua professora quanto a isso. Na verdade, acho que ouvir a professora sempre cai bem! eheheheh

Então já temos estilo, música, tempo e acessório escolhido (caso haja algum); o que falta para eu definir a música exata? A roupa mais confortável para ela! Já passei por apertos por conta de roupa errada e escorrego às vezes, ainda. Se der para treinar antes a música com ela, perfeito! Músicas que exigem muito deslocamento, por exemplo, acho que atrapalha usar roupa justa. Mas creio que esse é um ponto bem particular.

Eu pedi para Melinda James dançar Oum Khoulsoum no meu show ano passado e a resposta dela foi a mais feliz possível; acho que isso refletiu muito na sua dança, que eu adorei:


Para completar o raciocínio, dá uma olhada nesse post do Amar el Binnaz e da Nadja El Balady.
Tudo resolvido? Ótimo! Como diria, Camilla D'Amato, "se joga, gata!"

Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 27 de julho de 2013

Desconstruindo leituras (14)

Teve gente que não curtiu esse shaabi; cara, eu adorei. Não pelo figurino e nem pelo exagero dos movimentos, mas pela felicidade e segurança dela no palco. Acho que fez tanta diferença... se ela quis contagiar, ela conseguiu comigo.


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sábado, 20 de julho de 2013

Gatos & Bellydancers

Post a pedido de Nitya Montenegro

Desde que eu adotei 2 gatinhas (essas aí na foto ao lado, Hob e Nur), não só descobri que o mundo ama gatos, sendo mais comum que eu imaginava, como BAILARINAS de Dança do Ventre comumente terem gatos. Eu arriscaria a dizer que gira em torno de 70% das mesmas. Coisa de maluco, eu não tinha a menor ideia. Daí resolvi procurar saber se existe uma relação entre gatos e bailarinas orientais.

Gatos (Felis silvestris catus) eram conhecidos no Antigo Egito como "mau" e a origem desse nome não é clara, mas alguns acreditam que exista referência onomatopoiética com o som que eles emitem (meow). Baseado em comparações de DNA de espécies vivas, parece que eles foram domesticados há 10.000 anos atrás no Oriente Médio porque eles caçavam ratos (protegendo seus estoques de comida) e cobras. Eles se tornaram um símbolo de graciosidade e equilíbrio. O deus Mafdet simbolizava a justiça e a deusa Bastet simbolizava proteção, fertilidade e a maternidade e eram representados por um leão e um gato, respectivamente. Gatos podiam ser mumificados e dados como oferenda à Bastet. Uma inscrição no Vale dos Reis, no Antigo Egito diz:

"You are the Great Cat, the avenger of the gods, and the judge of words, and the president of the sovereign chiefs and the governor of the holy Circle; you are indeed the Great Cat."

Os gatos são vistos de forma diferente por cada cultura, podendo ser associados à má ou boa sorte.

E de onde vem o mito das sete vidas dos gatos? 

Esta lenda surgiu em decorrência da habilidade que esses felinos possuem para escapar de situações que envolvam risco à sua vida. Outro fator também responsável por essa crença é que, ao caírem de grandes altitudes, os gatos quase sempre atingem o solo apoiados sobre as quatro patas. Isso ocorre em função de possuírem um apurado senso de equilíbrio, permitindo-lhes girar rapidamente usando a cauda como contrapeso. Quando abandonados em áreas remotas, distantes da sociedade humana, filhotes de gatos podem converter-se ao meio de vida selvagem, passando a caçar pequenos animais para sobreviver. Isso faz com que eles sejam frequentemente vistos como animais resistentes, dotados de várias "vidas". Acredita-se que esta lenda esteja ligada à Idade Média, quando se imaginava que as bruxas se associavam aos gatos, principalmente aos pretos. Em 1584, no livro Beware the Cat (Cuidado com o gato), do escritor inglês William Baldwin dizia que "é permitido às bruxas possuírem o corpo do seu gato por nove vezes". Outro inglês, John Heywood, reuniu, em 1546, uma coletânea de provérbios, dos quais um dizia que "a mulher, assim como o gato, tem nove vidas". Um outro provérbio inglês diz: "O gato tem 9 vidas, com 3 ele brinca, 3 ele perde e com 3 ele fica". Já os árabes e turcos nada tinham contra os gatos (Maomé vivia cercado deles) e seus provérbios falam em sete vidas. É provável que tenham passado essa versão para espanhóis e portugueses na ocupação da Península Ibérica. A partir de Portugal, o mito das sete vidas felinas logo chegou ao Brasil, onde é muito popular.

E as bailarinas de Dança do Ventre, por que gostam tanto de gatos?

Não sei, continuo a não enxergar um relação direta. Se eu tivesse de arriscar, eu diria que a independência e mistério sejam importantes atrativos, além de serem animais esbeltos e carinhosos. Perguntei à Rafaela Alves, dona da Sofia, por que ela tem gato: "Na casa da minha avó, durante toda minha infância e adolescência, convivi com gatos e cachorros. Confesso que gostava mais dos cães, até que um gato muito especial da minha avó resolveu que eu era sua dona. Ele foi me conquistando aos poucos, começou a vir todas as vezes em que o chamava, todas as vezes em que eu chegava em casa ele estava me esperando na varanda e pulava no meu colo, aí não resisti. Me encantei por esse animal tão fascinante, que consegue unir inteligência, doçura, perspicácia e elegância. Com dois anos, meu gatinho morreu e fiquei sentindo muita falta. Então, quando fui morar sozinha, resolvi arrumar um gato. Aí, Deus me deu a Sophia de presente. Ela foi encontrada pelo meu sogro abandonada pequenininha em uma fazenda. Eu cuidei dela e já estamos juntas há 4 anos. Com a convivência diária, minha paixão pelos gatos só aumenta, pois além de espertos, independentes e brincalhões, eles mostram doçura e lealdade a quem sabe amá-los. Aquele ronronar derrete o coração de qualquer pessoa! E acho que os bichanos conseguem transmitir todo seu amor com um simples olhar, com um toque. E, pensando  o motivo de muitas bailarinas possuírem um gato, vejo muitas semelhanças entre nós e os bichanos, pois ao dançar, temos que demonstrar elegância de movimentos. Às vezes, precisamos ser mais sérias e introspectivas e outras vezes, brincalhonas, sem nunca deixar de passar ao público, com nossos gestos e nosso olhar o amor pela dança".

E você, o que tem a nos dizer sobre seus peludinhos?


Bauce kabira,
Hanna Aisha