Translate this blog!

domingo, 21 de abril de 2013

Escolha da música para dançar - parte 1

Quando evento está chegando e minhas alunas irão realizar seus solos, fico pensando no que passa na cabeça delas para que escolham suas músicas. Normalmente, temos apenas limitação de tempo e nos pedem que se dance até 5 minutos. Apesar de eu não limitar o tempo das músicas no meu show "Zahra Sharq" para minhas convidadas, eu entendo, de certa forma, quando o organizador me pede algo do tipo. Nosso público ainda não foi educado para assistir a apresentações de 10-15 minutos. Que sejam 8. [Fica a dúvida: é por que o público não tem paciência ou as bailarinas não aprenderam a desenvolver uma dança que seja realmente cativante e que "prenda" o espectador?] 

A ideia desse post é tentar ajudar bailarinas, alunas ou profissionais, como melhor escolher suas músicas para o eventos que irão participar e ficarem mais satisfeitas com o retorno (isso nem sempre acontece, mesmo quando nos preparamos muito bem e não entendemos por quê). Não é um guia ou imposição de regras; isso não deve existir nunca! Porém, uma orientação que obtive com minha experiência e de observações ao longo desses anos e espero que vocês possam dividir as suas aqui comigo! Vamos às diversas situações que podemos encontrar:

Restaurante
Normalmente, é composta por um público leigo e que tem a Jade da novela ou a Shakira como referências de bailarinas. Costumam prestar muita atenção ao corpo e à beleza da bailarina e o quadril é o que lhes chama mais a atenção. Acho um pouco besteira você gastar todo seu repertório de movimentos dançando Oum Khousoum ou rotinas de 8 minutos; provavelmente irão achar chato. A ideia é levar percussão e acessórios (pandeiro, snujs, véu, etc), sempre com músicas animadas e curtas. Se você vai dançar entre 3 a 6 músicas (dependendo do esquema), dá para colocar um baladi ou algo mais tranquilo pra intercalar. Interagir com o público é uma ótima pedida e shaabi cai muito bem pra isso. Aqui a Michele Mahasin interage bem:


Show
Aqui, a arte impera. Se não existe restrição de tempo, ótimo! Pode dançar o que quiser, de Oum Khousoum a fusões. O público é bem mais crítico, pois costuma ser da própria dança. Então, aqui é o momento de tentar dar o seu melhor e coreografia é uma boa dica para garantir qualidade:


Festa da escola
Também é uma boa hora de demonstrar o que sabe, pois assim você pode manter ou ganhar mais alunas na escola em que você dá aulas. O público não é tão crítico quanto ao de um show, porque família e amigos costumam ir presenciar mas, ainda sim, eles pagaram pra ver um show de dança do ventre, então, impressione! Quem sabe uma prima da sua aluna não entra na turma de iniciantes?


Particular
Isso varia de acordo com o pedido do contratante e da festa (casamento, aniversário, empresa), mas a ideia é parecida com a do restaurante, quando não, pior ainda. Vão querer espada, percussão, nem sonhe com Oum Khousoum de novo! Não cai bem... ninguém tem paciência... e as pessoas querem diversão e não arte! :-(


Festa árabe
Folclore como said, dabke ou khaliji, dependendo do árabe que te contratou, vai cair bem. Músicas animadas e com interação são obrigação! Alegria e descontração devem estar presentes o tempo todo na sua dança. E esteja preparada para te pedirem para dançar a música que eles quiserem. Aqui, de repente, pode cair bem a Oum Khoulsoum... mas eu não a colocaria como primeira opção, a não ser que fosse numa versão mais alegre.


Concurso
Tendo um tema, é mais fácil direcionar a escolha da música. Para profissionais, rotinas orientais sempre caem bem porque jurados e público gostam, no geral. Um tarab, talvez. Fora isso, arrisca-se, no máximo, um said. :-( Eu só sugiro deixar um pouco a ousadia de lado, pois corre-se o risco de não ganhar pela ousadia mesmo. Ela deve ser muito bem feita para ser aceita num concurso. Para alunas e grupos, em geral, músicas alegres e não repetitivas também caem bem porque animam o público. Público ainda influencia alguns jurados:


Talvez algumas pessoas fiquem chateadas com esse post, principalmente em relação a restaurantes e festas particulares, em que o público não está tão interessado na arte. Mas essa é a realidade. O que talvez possamos fazer para dar mais "credibilidade" à dança do ventre é justamente elevar a qualidade técnica e, aos poucos, inserirmos coisas mais sofisticadas. A partir disso, eu acredito que a gente possa ganhar reais admiradores do nosso trabalho e não apenas admiradores do quadril.

Aqui, a Ju dá dicas sobre escolhas de música também.
Em um próximo post sobre o tema, vamos discutir a escolha das músicas em si.

Bauce kabira,
Hanna Aisha 

3 comentários:

  1. Esse negócio de tempo pra bailarina dançar acho que tem outras motivações provenientes da própria dinâmica dos eventos: geralmente em mostras ou competições que vejo isso, porque aí dá pra encaixar mais pessoas e também ter um controle melhor do tempo, do andamento do evento. Em shows do estilo do Zahra Sharq ainda não vi isso. Eu vejo lá na escola em que trabalho um certo bloqueio das próprias alunas em relação às professoras que dançam músicas com mais 6 minutos. Segundo elas, cansa! Acho que tem a ver com as duas coisas que você apontou. Elas não entendem a dinâmica da música/dança muitas das vezes e isso pode se combinar ao despreparo de algumas pessoas ao dançar.

    Eu gostei do post Hanna, acho que é por aí. Como você mesma frisa, não é nenhuma receita de bolo, mas é mais ou menos como a banda toca =) Beijinhos


    ResponderExcluir
  2. Ah agora que vi a votação ali dos works da Esmeralda... QUERO VOTAR NOS DOIS PRIMEIROS rs mas só dá pra votar em um!!! Eu sou a favor de dois workshops com ela =PPP

    ResponderExcluir
  3. Flor, convivo com dançarinos de outras áreas e vou te dizer: ninguém dança músicas tão longas quanto as meninas da dança do ventre! Esse é o comentário geral que sempre escuto. Flamenco, ballet, jazz, contemporâneo - todos têm excelentes performances com músicas de até 3 minutos. Sim, nós dançamos músicas de uma cultura oriental, árabe, em que uma única música compõe um show inteiro de um artista. Mas precisamos mesmo nos adaptar ao nosso público. Até mesmo grandes bailarinas podem me entediar ao dançar músicas muito compridas. Aprendi, com uma de minhas professoras, que é sempre melhor as pessoas desejarem ter visto você no palco por mais tempo do que ficarem desejando que sua performance acabe logo. Sou adepta de músicas de 4 minutos. Acho ideal.

    ResponderExcluir