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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

George Abdo

Olá, povo curioso como eu!

Vamos falar hoje de um cantor e músico libanês, filho de pais egípcio e norte-americano, chamado George Abdo (1937-2002). Acredito que eu, por ter estudado Dança do Ventre um pouco antes das BellyDance SuperStars estourarem no Brasil, pude ter mais contato com as músicas desse cara incrível. A geração anos 90 pode dizer, muito mais do que eu, como suas músicas foram importantes para sua formação.

Eu, desde aluna, sempre AMEI AMEI AMEI as músicas dele. Sempre me soaram muito mágicas, mas sempre tive dificuldade de "classificá-las". Hoje eu entendo o porquê.

Na verdade, um dos motivos dele ter sido um sucesso foi ter criado um repertório para performances bellydance, misturando sonoridades orientais com ocidentais (pop e jazz). O resultado final é uma sonoridade mediterrânea, ou seja, é uma influência de músicas turcas, gregas, armênias, sírio-libanesas e egípcias. Na maioria das músicas, ele canta em árabe, mas ele tem algumas músicas cantadas em grego. Um dos exemplos mais famosos dessa sonoridade misturada é a música grega "Misirlou" que ele gravou em maqam árabe:


Ele fez muito sucesso nos anos 70, gravou cinco álbuns e tocou muito na cidade de Boston, MA, EUA. Ele ficou conhecido como "Rei da música bellydance" e seu álbum "Flames of Araby Orchestra" apresenta uma rotina bellydance completa. Por ter vivido nos EUA, ele trouxe para a platéia norte americana, um pouco da música oriental, em que misturou violino, oboé, alaúde, qanun, derbacke, bouzoki, guitarra, piano, baixo e bateria.

Algumas pessoas acreditam que ele estabeleceu um trabalho de base para os artistas de música oriental nos EUA. Ele também acabou ajudando a "elevar" a profissão de bellydancer (até, então, marginalizada) pois, criou músicas que deixavam as bailarinas como um peça importante dentro do quadro completo do show e, não deixando-as, apenas, como meros ornamentos decorativos. A música se comunicava e se movia com a bailarina como uma parceira.

Hoje, eu diria que muita gente acharia sua música brega, mas eu não consigo achar isso, de verdade. Ela possui essa magia orientalista, que consegue manter a plateia envolvida, talvez hipnotizada, dependendo da bailarina que estiver dançando. Sua música pode ser considerada uma fusão (e não tradicional como, normalmente, se considera), mas que não está muito longe das raízes musicais, rítmicas e estruturas nativas. Por isso, minha dificuldade em classificá-la por tanto tempo.

Tive dificuldade de achar vídeos interessantes de profissionais dançando George Abdo; creio que por ele estar fora de moda há um bom tempo. Mas, ficam aqui, para apreciação, um vídeo da Cristina Antoniadis (de origem grega) e um meu:



Fontes: Geocities, informações trocadas com Cristina Antoniadis, Marcia Dib e Pedro Rebello.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Para dar uma estudada... literalmente (12)

O que você está precisando estudar? Braços e mãos? Leitura de lentos? Expressão? Produção? Leitura musical no geral? É só ver o vídeo abaixo da dança da Paula Trigueiro (SP):


Que trabalho primoroso, de imenso bom gosto, impecável. Nota 10.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Leitura Musical

"Quaisquer verdades transmitidas pela linguagem estão incorporadas na linguagem e sua verdade é um exército móvel de metáforas, metonímias e antropomorfismos (Nietzche). O Oriente recebeu um amplo campo de significados, associações e conotações que não se referiam necessariamente ao Oriente real, mas ao campo que circundava a palavra". Edward Said - Orientalismo

Você já participou de algum tipo de avaliação e ali, foi mencionado que sua musicalidade ou leitura musical precisava ser trabalhada? Eu já publiquei um artigo no CDV que tratou sobre o tema, mas aqui eu queria trabalhá-lo com um pouco mais de detalhe. Improviso e leitura musical são temas recorrentes no nosso meio e os dois conversam porque abrangem alguns aspectos em comum que precisam ser trabalhados separadamente.

Para mim, para que sua técnica de improviso desenvolva, você precisa estudar leitura musical antes. Tentar improvisar sem ter o conhecimento básico disso (claro que a prática está incluída nesse treinamento) e deixar apenas o seu corpo se deixar levar pela música, torna o caminho mais difícil, se você pretende melhorar seu improviso tecnicamente.

A partir de quando eu posso começar a estudar leitura musical?
Com um vocabulário mínimo de passos, já é possível começar a estudar leitura musical. “com 100 palavras em inglês, é possível comunicar-se. É apenas questão de saber utilizá-las”, já dizia o método do curso de inglês que eu fiz. Quem já viajou para fora do país sem saber muito bem a língua nativa, sabe que isso é verdade.

Quando falamos em começar a estudar leitura musical, estamos falando justamente de três coisas, como já abordei aqui no blog: estudo dos ritmos, leitura dos instrumentos e diferenciar os tipos de músicas. Vamos ver cada um deles agora:

- Aprender o mínimo sobre ritmos
Já tratei com mais detalhe sobre o estudo dos ritmos aqui no blog. É preciso aprender o mínimo mesmo, para começar. Aprender sobre os diferentes ritmos te ajuda a identificar o número de tempos da música, por exemplo. Essa informação ajuda muito a compor sua leitura musical, pois sugere movimentos que devem ser feitos. Uma coisa é se deslocar em 2 tempos e outra coisa é se deslocar em 4 tempos. É isso que vai te deixar “dentro do ritmo, pisando no dum” e, com isso, dançando de forma harmoniosa, sem parecer que está “dançando com fone de ouvido”, ou seja, em que parece que você está ouvindo uma música enquanto está tocando outra. Até leigos são capazes de perceber que há algo estranho naquela dança, pois, intuitivamente, ele não conecta o que vê com o que está ouvindo, mesmo sem ter ideia de técnicas de dança ou sobre a música em si. Nesse vídeo, a música que a Marta dança começa com fallahi (chamado por alguns de maqsoum acelerado, com 2 tempos), que vai emendar em um masmoudi, que tem 4 tempos (2:20), voltando rapidamente ao fallahi em 3:07. O clima e até os movimentos da dança "mudam" por conta da troca dos ritmos:


- Entender os diferentes tipos de música
Não basta ouvir apenas música egípcia ou libanesa, que são as músicas que estamos mais acostumadas a trabalhar. Também precisamos distingui-las das músicas gregas, turcas ou marroquinas porque elas estão presentes nas nossas playlists e, normalmente, nem sabemos. Mas percebemos que não é uma música "normal" porque elas soam diferentes e, ainda assim, as usamos sem saber. Esse conhecimento não interfere diretamente na sua leitura musical, absolutamente. Mas pode ser importante você ter a consciência de que elas vieram de culturas diferentes e, assim, talvez, isso influencie na escolha dos seus passos, expressão corporal e até contextos para dançá-las.

Além disso, qual é a modalidade? É um folclore, rotina oriental, erudita, pop, moderna? Qual é a "roupagem" da música? Mais moderna ou "analógica"? Você acha que a leitura do shaabi abaixo deveria ser a mesma a de um pop?



- Identificar os instrumentos
Não é uma delícia assistir uma bailarina realizando um taqsim de violino bem executado, daqueles que você nem se mexe de tanta admiração? Pois é, alguns discordam, mas, hoje em dia, eu acho que esse tipo de leitura não necessariamente precisa ser feito com extremo rigor para que você demonstre o quanto você é habilidosa com seu corpo. Uma boa leitura musical também pode ser feita sem precisar marcar todos os acentos dos instrumentos. Aqui no blog, fiz 5 posts diferentes, falando sobre cada um deles  - procura no blog "Instrumentos mais comuns na DV para Taqsim". Abaixo, um lindo exemplo de leitura de instrumentos:


A influência  e as referências que recebemos na nossa vida também irão afetar nossa maneira de ouvir e dançar; não há como dissociar nosso histórico corporal e o ambiente que vivemos da nossa expressão corporal em geral, inclusive da nossa dança (como já diria Klauss Vianna). Mas espero que, com essas orientações, eu tenha ajudado você a organizar os pensamentos (quem sabe até ajudar com um planejamento) na sua busca eterna por aprimoramento e satisfação com a dança e com você mesma! Depois, dá uma olhada na coluna do blog Desconstruindo Leituras para ver várias danças que fugiram da leitura "tradicional e previsível" que temos da DV. Aproveita e repensa também a escolha das suas músicas, lendo esses dois artigos:


Aqui eu dancei uma música turca e por ser relativamente monótona, me preocupei bastante com a leitura musical para que não ficasse chata:


Aqui, a aula online que eu dei, falando sobre o que eu escrevi hoje:


Quer aprender a dançar em casa? Segue essas dicas aqui!
Quer fazer aulas online? Dá uma olhada aqui.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Alexandria

Olá!

Dessa vez, iremos novamente ao Egito. Conheceremos um pouquinho sobre a ex-capital do Egito e sua segunda maior cidade em população e onde está seu maior porto: Alexandria.

Alexandria foi uma das cidades mais importantes do mundo e recebeu esse nome porque foi fundada pelo general grego Alexandre, o Grande. Por estar entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho, a cidade foi um ponto de encontro importantíssimo entre a Europa, a África e a Ásia.

É lá que se encontra uma das sete maravilhas do mundo antigo, o Farol de Alexandria; a maior biblioteca do mundo antigo, a Biblioteca de Alexandria; e uma das sete maravilhas do mundo medieval, as catacumbas de Kom el Shoqafa.

Após a morte de Alexandre, iniciou-se a dinastia do Ptolomeus, a qual Cleópatra (69-30 AC) foi a última da linhagem a governar o Egito.

Após alguns séculos de altos e baixos, Alexandria ressurgiu como grande metrópole à época das Cruzadas por conta do comércio com os aragoneses, genoveses e venezianos, tornando-se o centro da distribuição de especiarias nos séculos XIV e XV. Maomé Ali reconstruiu a cidade no século XIX, após seu declínio comercial no século 16. No século XIX, o exército britânico instaura o protetorado britânico sobre o Egito, que só acabará no meio do século 20.

Hoje, Alexandria é um importante centro industrial por causa do gás natural da cidade e dos poços de petróleo e é a principal estação de veraneio e atração turística, devido às suas praias públicas e privadas, além dos museus e sítios arqueológicos.

Uma das principais atrações turísticas que começa todos os anos na cidade é o "Cross Egypt Challenge", iniciado em 2011. É um rally cross-country internacional de motocicletas e scooters realizado nas trilhas e estradas mais difíceis do Egito.

Se você já faz parte do mundo do Folclore Árabe, com certeza, já ouviu falar sobre essa cidade e sobre as danças portuárias Mambouty e Meleah Laff. Nesse vídeo, eu e Eliza Fari representamos uma situação do porto de Alexandria, em que o marinheiro recém-chegado e bem feliz por retornar à sua terra natal, avista uma bela egípcia, onde juntos, passam a flertar um com o outro:


E aqui, um documentário super legal:


Fontes: Wikipedia

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Banca em concursos

Oie!

Muita gente acha que é status ser banca de algum concurso. Apesar de, na grande maioria das vezes, as(os) bailarinas(os) não ganharem dinheiro por isso, ainda sim, ser convidada(o) para dar algum parecer para os participantes soa glamoroso. Todos nós sabemos que ser jurado de determinados eventos não quer dizer nada, mas podemos dizer que sim, ok, dá algum status pois, afinal, o produtor está confiando em você para determinar quem "é melhor" de um momento, comumente, muito importante para os concorrentes.

Não vim falar sobre concursos em si pois já falei sobre isso no blog (Vai lá dar uma olhada aqui e aqui!). Vim falar sobre o que é estar de frente para o palco.

Jurado pode errar sim, mas pense que é difícil julgar em 3 ou 4 minutos vários quesitos ao mesmo tempo; dar nota baixa pra alguém que você goste ou nota alta para alguém que você não goste tanto do trabalho, mas que naquele momento estava muito bem!

Me preocupo sempre com a repercussão negativa que meus comentários podem gerar. Porque sim, DÁ para ser injusto de várias maneiras: escolha dos quesitos, notas quebradas, soma das notas, editais pouco claros, pouco tempo de conversa entre os jurados por conta de erros despercebidos...

Mas uma coisa eu não abro mão: se você foi para concorrer e ser avaliado, você deve estar preparado para ouvir críticas, que quase 100% das vezes são construtivas. Afinal, por que você se inscreveu para participar de um concurso? Qual seu objetivo na Dança do Ventre? Apresentar boas performances, dançar para você ou despertar a Deusa Interior? Se for esta última, ótimo, mas só não perca a cabeça em um concurso porque as coisas são e devem ser diferentes.

Continuo apoiando e incentivando todos a participarem de concurso. Eu, particularmente, enjoei um pouco de participar. De qualquer maneira, é visível o quanto as pessoas estão estudando para melhorarem tecnicamente e no embasamento da dança, principalmente, no quesito Folclore Árabe.

Agora, sabemos que, infelizmente, nem todos sabem ser jurados e nem possuem competência para isso. Ser boa bailarina não lhe torna boa jurada. Fora as coisas sem sentido que podem aparecer na sua avaliação. Os jurados ainda são heterogêneos em conhecimento, alguns têm medo de ficar mal com a professora das concorrentes... ou não sabem avaliar mesmo.

Uma boa dica, é evitar sair muito do clichê, caso você tenha interesse em ganhar algum concurso. Não tem jeito, é o jeito mais fácil (não quer dizer que será o melhor), justamente por conta do que eu disse acima. O que não significa que você não pode ousar e fazer bonito, mesmo em concurso! 

Esse post não é direcionado a ninguém, nunca recebi reclamação sobre minhas avaliações, nada disso, pelo contrário. Costumo receber positivos retornos sobre minhas avaliações, felizmente.

Permita-se ser avaliado em um concurso e sentir essa emoção! E, mais do que ser avaliado em um concurso, permita-se ser avaliado por alguém eventualmente e, com isso, ir recebendo orientações, à medida que você vai evoluindo!

Aqui é o vídeo do penúltimo concurso que participei como solista, em 2013 (não ganhei nada mas adorei o resultado final mesmo assim):



Para quem ainda não sabe, faço avaliações online:
http://hannaaisha.blogspot.com/2017/05/aulas-distancia-vale-pena-fazer.html

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Desconstruindo leituras (21)

Como pegar uma música com uma leitura super clássica e conseguir deixá-la tão linda? Kahina consegue! Pura inspiração!


Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Como não se perder sendo aluna iniciante de Dança do Ventre

Olá, queridos leitores!

Ao sermos apresentados ao mundo paralelo da Dança do Ventre e do Folclore Árabe (vai me dizer que não é paralelo à realidade?), corremos o enorme risco de nos deslumbrarmos diante de tanta música, brilho, maquiagem, figurino e belas bailarinas e belas danças. Eu já fui aluna e sei muito bem o que estou dizendo! Queria poder comprar milhões de brincos, maquiagens, CDs, DVDs, figurinos, acessórios... não aconteceu o mesmo com vocês?

Se você está sendo orientado por uma profissional séria e honesta e se você permitir que ela emita opinião, ela te orientará sobre o que você precisa investir no momento: aulas, DVDs, figurinos... Caso ela te repreenda carinhosamente, dizendo que você não precisa comprar tal coisa mas outra (ou nada!), não fique triste: tudo tem seu tempo! E sim, quem vos fala é uma pessoa muito ansiosa, eu te entendo! Não adianta querer fazer o workshop com a Kahina se você não consegue se sustentar por 15 segundos em uma meia ponta ou fazer o workshop com a Nur se você nem acertou seu básico egípcio! Muito menos gastar R$ 1.000,00 em um figurino, se você nem tem perspectiva de dançar.

Não, não quero arruinar o mercado da DV. Pelo contrário. Mas, acho que vale a pena tentar redirecionar a clientela e ajudar as meninas que estão meio perdidas a não perderem dinheiro à toa. Porque tem cliente e vendedor para tudo, eles só precisam se encontrar!

Particularmente, para meninas iniciantes, eu acredito que existam temas na DV que precisam ser ensinados assim que elas adquirirem aquele mínimo de dissociação corporal para que se comece um trabalho mais direcionado. E nunca, nunca mesmo subestime-as. Eu nunca fiz isso, acredite nelas! Por exemplo, folclore, meia ponta e ritmos não são temas de nível intermediário para cima. Acho, inclusive, que são trabalho de base, assim como os oitos e shimmie. Vou explicar.

Ninguém precisa colocar as meninas que estão começando agora para deslocarem como bailarinas clássicas, dançarem Zar ou discutir quais os ritmos presentes na Dabke. Não! Mas não há motivo para não ensinar sustentação aliado a trabalho de core, a apresentar a Dança Balady ou "a pisar no dum" durante o maqsoum (que costuma ser o primeiro ritmo dado e que você nem precisa fazê-las gravar esse nome inicialmente).

Aprender a usar o abdômen ajuda a dar equilíbrio, entender a Dança Balady é entender uma parte da origem da Dança do Ventre (e a dançá-la!) e "pisar no dum" ajuda a ganhar ritmo e coordenação motora. O que vem depois disso, é apenas uma questão de aprofundamento.

Eu acredito que certas etapas deveriam ser dadas o mais rápido possível (quase obrigatoriamente) para que a base delas se estabeleça e se desenvolva com qualidade. Porque o resto que virá depois será apenas a cereja do bolo!

Quer saber mais sobre isso?

Espero ver você conectada comigo!
Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 5 de março de 2018

Livros de dança - parte 6

Olá, bellynerds!

Quanto tempo que não escrevo um artigo sobre livros de dança! O motivo é simples; eu estava sem livros de dança para ler! 

Bom, o primeiro que li foi o livro "Círculo Mulher" da Shalimar Mattar (SP), que comprei pessoalmente com ela em um evento no RJ e que ela autografou. Ele me pareceu um livro introdutório à Dança do Ventre pois, através de uma linguagem bem leve, fala sobre aspectos diversos que a Dança possui e pode proporcionar às suas praticantes, passando por um pouco de história até espiritualidade. No fim do livro, existem diversos relatos positivos de pessoas envolvidas com arte, em especial, com a Dança do Ventre. Eu acho que esse livro é um instrumento bastante interessante, pois pode ser lido tranquilamente por não-praticantes da Dança do Ventre e, com isso, talvez, atrair possíveis novos interessados.

O segundo livro é "Música Árabe" da Marcia Dib (SP). Ao contrário do livro da Shalimar, esse é extremamente técnico e denso e não é sobre dança em si. É um livro para interessados em música árabe, mas as praticantes de Dança do Ventre também podem lê-lo e aproveitá-lo de alguma maneira. A temática me interessava bastante, mas teve trechos que eu simplesmente não entendi porque não tenho nenhuma formação nem experiência com música de nenhuma cultura (só sei tocar um pouco de snujs!). Ele é um grande repositório de informações que você pode consultar sempre que tiver uma dúvida pois é extremamente organizado e cheio de referências (aspecto que toda pessoa que fez pós-graduação carrega em si). Porém, apesar de ser de difícil entendimento, eu não deixo de recomendá-lo, pois contém informações preciosas que me ajudou a ligar os pontos com relação ao tema e à própria dança.

Espero que tenha ajudado vocês com seus estudos!
Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Raks al seniyya

Fazer e servir chá de menta são parte da hospitalidade marroquina. A Dança da Bandeja (Raks Al Seniyya) é tradicional, em vez de folclórica. Não se baseia em uma cerimônia ou ritual histórico, nem é uma conseqüência natural do dia-a-dia do povo. Foi criado por um animador para acrescentar emoção à performance. À medida que a popularidade foi aumentando, tornou-se uma dança tradicional.

Conhecer mais sobre a história por trás da Dança da Bandeja é importante, assim como a compreensão da diferença entre o folclore e a tradição, que é uma distinção importante a fazer quando se pensa em Raqs al-Seniyya.

De acordo com Scarlet Lux - a dança folclórica é algo que representa o tecido social da cultura de que provém, seja uma representação da religião (embora as danças rituais sejam consideradas religiosas, em vez de folclore), casamento, moralidade, comunidade ou sobrevivência. Os encontros marroquinos de Ahwach para a comunidade, o namoro e, eventualmente, o noivado, são um excelente exemplo disso. A tradição, por outro lado, é simplesmente associada ou mesmo esperada em certas ocasiões ou em certas danças, mas essa tradição pode não ter o mesmo significado, história ou peso cultural das danças folclóricas.

Outras fontes dizem que sua origem se deu origem nos cafés no Marrocos no século 19, onde os garçons além de servirem, dançavam e faziam estripulias com a bandeja na cabeça. A dança é executada por homens e mulheres, mas é mais comum por homens. 

Os marroquinos usam velas, copos de chá e um bule de prata no centro. O piso está envolvido - praticamente todos os movimentos que você pode fazer com a bandeja são no chão. A dança começa, com o dançarino demonstrando firmeza, equilíbrio e habilidade usando movimentos de quadril, torso e braços. A dança pode ser lenta ou rápida.

A chave para equilibrar uma bandeja é manter a cabeça imóvel e nivelada.

Se você viajar para Marrocos e tiver a sorte de encontrar um restaurante ou hotel com shows de dança, ou participar de um encontro onde haja performance, você tem uma ótima possibilidade de ver Raqs Al Seniyya.

Dicas práticas para a bandeja de velas:

- Pratique o equilíbrio.

- Pratique na frente de um espelho para que você possa ver a bandeja na sua cabeça, enquanto seu corpo memoriza o sentimento. Mais tarde, é importante praticar longe de um espelho!

- Certifique-se de que você pode fazer cada movimento pelo menos 10 vezes no espelho e sem deixar cair ou inclinar a bandeja antes de tentar em frente ao público.

- Pratique até sentir-se realmente confortável, não temendo que a bandeja caia. 

É melhor estar preparado e coreografar, ao invés de improvisar, uma vez que a adrenalina pode fazer com que você arrisque e experimente movimentos que você não esteja preparado para fazer.






Fontes: 
Moroccan Tea Tray Dance: Raqs Al Seniyya
Tray Dancing
Candle Tray Dance Tips
Bandeja de chá / Raks al Seniyya
Raqs al seniyya – tray dance

Iniciou seus estudos com Dança do Ventre em 2004. Começou a dançar profissionalmente no ano de 2011 no restaurante Kib's Cozinha Árabe em Joiville e Bagdad Café em Curitiba. Atualmente, faz parte da equipe artística Oriente Árabe. Obteve o selo da Khan el Khalili em 2014 e faz parte do quadro de Novos Talentos. Em 2016, obteve seu SATED-PR (DRT 0030950-PR). Ministra workshops e shows em várias cidades do Brasil.

dayannaoeiras@gmail.com